1. A manifestação dos moradores da Rocinha foi pacífica e sem incidentes;  e movimentos sociais das favelas organizam uma marcha em protesto contra a privatização – mas do complexo do Maracanã. Trata-se do processo de radicalização e ruptura, mas com um ponto em comum: o questionamento dos gastos e necessidade das obras dos Estádios. O primeiro pressiona as autoridades por moralidade e serviços básicos; o segundo tenta impor um modelo estatizante. O segundo usa uma propaganda cinza, dando a entender que é contra a privatização específica do Maracanã, mas deixa também subliminarmente ressaltado que é contra a privatização como modelo de gestão. Tal fato é indicativo do conflito da Nova Sociedade (a manifestação espontânea, da Rocinha) contra a Velha Política (a manifestação contra a privatização do Maracanã comandada por movimentos de favelania ligados a estruturas ideológico-partidárias).

2. A manifestação da Rocinha indica a ascensão de classe ‘d’ à compreensão dos valores da Nova Sociedade; indica que a politica de UPP’s gera também um efeito integrativo, sendo um evento democraticamente significativo 500 pessoas de uma favela marcharem até a casa do Governador para pressioná-lo politicamente, sem nenhuma forma de repressão policial.

3. A Velha Politica busca atenuar a pressão das demandas da Nova Sociedade colocando as casas parlamentares para trabalhar. O Congresso iniciou um verdadeiro rally de votações de assuntos importantes engavetados. A sociedade agradece, mas a percepção que se tem é que isso não diminuirá o quociente de renovação das casas parlamentares, que será elevadíssimo.

4. Grupos de esquerda e direita se organizam e definem suas pautas; aqueles, com apoio de estruturas partidárias e sociais; estes, nem tanto. A Revolta demonstrou que a Nova Sociedade demanda uma Direita, mas há um bom caminho a percorrer. Se o fato de encontrar-se desorganizada é negativo pois dificulta a sua atuação nesse momento tão importante, também abre espaço para lideranças que se destacarão em meio à luta – novos lideres de direita, com perfil de estadistas, podem surgir desse momento político. A significativa parcela de direita da Nova Sociedade demanda por eles.

5. Os eixos de manifestação são os seguintes: os eventos da Copa das Confederações, as  localidades específicas (bairros), os grupos específicos (médicos, caminhoneiros, favelados, p. ex.).

6. O ciclo de desobediência civil prossegue, com depredações, saques, e confrontos. Talvez os agentes dessa desobediência civil tenham-se sentido autorizados a realizar seus impulsos antissociais com a declaração, pela Nova Sociedade, do estado de anomia em que estávamos, começando pela criminalidade instalada nas instituições da República. É um efeito colateral, que tende a diminuir, mais com a aplicação da lei no topo da pirâmide social do que com o exercício da repressão em sua base.