O filme Lucy combina ação e ficção científica para promover o discurso evolucionista de “empoderamento” do ser humano. Trata-se de uma ode à utopia do Super Homem de Friederich Nietzsche, destino da evolução da espécie humana, segundo o ideário do dionísico filósofo prussiano. Mas, no caso do filme, a evolução ocorre com a ajuda de drogas sintéticas.
Não é a primeira vez que o cinema narra o uso de drogas como coisa boa para a humanidade. Em Viagem Alucinante o personagem de William Hurt usa as drogas pra descobrir suas origens e, aí, a divindade. Esses eram os tempos psicodélicos. Mas em Lucy, a personagem de Scarlet Johanson usa as drogas e acaba se tornando a divindade. Os tempos de hoje são sintéticos.
E são sintéticos pois o enredo condensa – entre alusões a Humano, demasiadamente humano, de Nietzsche – os atributos divinos e humanos numa só pessoa – a da heroína do filme -; e tais atributos são desenvolvidos a partir de um processo evolutivo do cérebro disparado por drogas sintéticas. É fantasiosa a trama, pois contem ilogicismos filosóficos primários, como a possibilidade de dois indivíduos terem atributos divinos incomunicáveis, como onisciência e onipresença. Ora, pela regra da exclusão é impossível dois seres saberem tudo e estarem ao mesmo tempo em todos os lugares e ainda assim serem dois seres distintos.
Apesar disso, o filme claramente comunica que a glorificação do homem se dará por um processo evolutivo, e começa narrando desde efeitos hoje registrados pela parapsicologia até feitos fantásticos próprio de super-heróis que a personagem principal realiza. Não é de todo errado considerarmos a incrível capacidade física e mental de Adão antes da Queda. O pastor chinês Watchman Nee, em seu livro O Poder Latente da Alma, discorre sobre o poder do nosso primeiro representante, e indica os textos bíblicos que registram o poder mental e intelectual que – após a queda – este perdeu. Hoje nós, descendentes de Adão, usamos só 10% da capacidade cerebral que nosso primeiro pai tinha.
Então, conforme a Bíblia, a capacidade cerebral não utilizada do ser humano não é um indicativo de evolução, e nem será conquistada pela evolução; antes, é um indicativo de degradação, e é recuperada a partir da regeneração do homem, aperfeiçoando-se na vida do cristão até que este alcance a estatura de varão perfeito – usando a expressão bíblica. E, diferentemente da utopia evolucionista, esse “varão perfeito” não é uma condensação das naturezas humana e divina, mas uma participação do homem em Deus, sem mistura de natureza, e, consequentemente, sem que o poder do homem contenha atributos incomunicáveis da divindade.
No mais, o filme é um bom divertimento enquanto filme de ação.

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