A Justificação pela Fé é uma experiência extremamente solitária. Talvez por isso Deus esteja permitindo a muitos cristãos viver a experiência de solidão: ele quer ensiná-los acerca desse importante fato espiritual que viveram – mas do qual parecem não ter desenvolvido a consciência correta nem alcançado as afeições que correspondem à ela.
A Justificação pela Fé é a imputação da condição de justo ao pecador por Deus mediante a obra expiatória de Cristo. Para ser justificado pela fé, ao indivíduo regenerado é dada a fé salvífica pela qual ele crê na obra expiatória de Cristo. Desse fato teológico participam apenas o indivíduo e Deus. As camadas externas da personalidade da pessoa não fazem a menor diferença. O que ela fez, o que ela faz, como ela é vista, sua estima, bem querência e aprovação são completamente irrelevantes. De igual modo, suas habilidades e capacidade de discernimento e tomada de decisão não podem fazer nada. Como está escrito em Isaías 50.10, na Justificação pela Fé a pessoa crê em Deus e nEle se firma quando andando em trevas e sem nenhuma luz.
Jonas estava no ventre da baleia, nos abismos dos mares, cheio de lodo, quando fez a oração que termina com a exclamação “ao Senhor pertence a salvação”; Jó estava cercado de amigos que só conheciam a espiritualidade das perfomances das camadas externas da personalidade; e nos salmos muitos cânticos registram o clamor do poeta desde “as profundezas” e solidão; Paulo, alfim da vida, foi abandonado por muitos de seus companheiros; e João viveu experiências profundas no seu desterro em Patmos. Pode-se simular a santificação e até a adoção como um filho de Deus; mas a crença na Justificação pela Fé é solitária e pessoal: verificável só pelo indivíduo e Deus. Ver-se em solidão e perplexidade, para o cristão, é revisitar esse lugar – que mesmo tenebroso – é o único lugar onde só o cristão verdadeiro pode estar: à sombra da Cruz.

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