No artigo Pornografia – a religião que é a última esperança da Esquerda escrevi que humanistas em geral, como “(…) – grande mídia e humanistas forenses – [concentram-se] nas religiões pagãs, da Nova Era, na defesa da pornografia e no preconceito contra o Cristianismo”, no sentido de que o arcabouço teórico deles não consegue conceber uma correspondência empírica com as crenças e práticas cristãs. Naquele artigo eu expus como a tolerância – imposta pelos humanistas dos foros e da imprensa – à pornografia (especificamente no caso da Bienal do Livro) é contra o próprio Cristianismo como religião em razão da própria pornografia ser um desiderato do esquema lógico humanista.
Pois bem, naquele texto explicamos que o Iluminismo – na esfera da moralidade sexual, familiar e social – encarna-se num formato sadeano, isto é, pautando-se ou imitando as características psicológicas, filosóficas e religiosas descritas na obra desse autor Iluminista. E isto pois Sade foi o primeiro a inaugurar e prever os desdobramentos do culto da Razão nesta esfera.
Por isso é que a indignação da população cristã com o ensino da ideologia de gênero para crianças e adolescentes e com o acesso destes a material pornográfico soa como obscurantismo (na fala do próprio Ministro Celso Mello) para os humanistas, embora já demonstrado até cientificamente os danos que tais práticas causam na capacidade cognitiva das crianças. O arcabouço teórico dos humanistas alcança apenas as religiões da natureza, da nova Era e os ateístas culturalmente não cristãos, essencialmente; mas é incapaz de conviver com as categorias morais do Cristianismo – mesmo que a ruptura com esta cause danos cientificamente comprovados ao bem comum.
Em matéria de liberdade religiosa ousamos dizer que a mentalidade humanista dos nossos tribunais e de nossa imprensa não é capaz, no dizer Alister McGrath, “de oferecer nível significativo de correspondência empírica com o que é realmente observado“; isto é, a sua estrutura teórica não consegue oferecer a melhor explicação para a prática da liberdade religiosa e de consciência – e isso se torna evidente quando os artigos de fé coincidem e – mais importante, constituem – (com) o senso comum de proteção a um item de interesse social, como no caso de proteção da criança e do adolescente contra a erotização precoce. O humanismo forense e midiático não consegue enquadrar as heranças judaico-cristãs de nossa civilização no seu esquema teórico e por isso passa por cima delas, ignorando-as, destruindo-as ou até as chamando de obscurantismos.
Isso demonstra a visão prevalecente nos meios jurídicos e midiáticos fluminenses quanto à liberdade religiosa: a filosofia por trás dela não tem capacidade de dar sentido aos vários aspectos da realidade, atuando com distinção e proficuidade. Por isso, restam chavões e slogans, um olhar bidimensional e as cantilenas de sempre: traficantes [que atacam terreiros] são cristãos evangélicos [apesar do terreiro atacado oferecer “proteção espiritual” à facção rival ou ter sido atacado por um grupo co-religioso rival], proteção às crianças é moralismo hipócrita, imunidade tributária é privilégio oportunista para enriquecer. A origem anticristã da filosofia deles precisa alterar o senso de proporções dos fatos reais pois o esquema teórico só pode enquadrar o cristianismo pejorativamente. A teoria deles não tem a capacidade de convergir com o que se observa no dia a dia da vida religiosa brasileira.
E nem no dia a dia da prática e quebras da liberdade religiosa brasileira.

Deixe um comentário