
O salmo 16 diz o cristão não possui outro bem senão o Senhor mesmo. O salmo deixa claro que esse fato (de ser o Senhor o maior bem do cristão) organiza toda a vida deste. Ali vemos que os relacionamentos dos fiéis são organizados a partir dessa crença (verso 3), bem como a vida religiosa e conversação (verso 4), o senso de segurança ante às incertezas da vida (verso 5), o valor dado aos bens materiais (verso 6), as reflexões sobre as decisões tomadas e a tomar (verso 7) e a sua alegria advém não só dessa crença, mas dessa crença praticada (verso 9).
Não é um capricho momentâneo. Não estou sozinho em ter Jesus como meu Maior Bem. O verso 10 desse salmo é repetido por Pedro em seu discurso no primeiro dia de Pentecostes após a Ascensão, para referir-se a Cristo. É Cristo, o Deus Encarnado, meu Maior Bem. A mesma alusão é feita por Paulo em sua primeira carta aos cristãos de Corinto; e em sua pregação em Antioquia.
Agostinho de Hipona diz o mesmo em suas Confissões, e em sua obras; e na história da devoção cristã encontramos isso de muitas e variadas formas: uns tendo Cristo como Maior Bem da vida foram martirizados; outros foram para o deserto; outros se dedicaram ao cuidado com o próximo; outros se tornaram estudiosos e profissionais zelosos e contribuíram para o progresso da ciência e das artes – mas todos a partir da organização da vida tendo Cristo como fundamento – o Sumo Bem.
Pois bem: milhões de cristãos brasileiros que se incluem na crença e prática milenar de Cristo como Sumo Bem foram ofendidos, mangados e zombados da maneira mais vil, perversa e burra (isso é redundância, pois a perversidade é um tipo de burrice) pela NetFlix com o filme A PRIMEIRA TENTAÇÃO DE CRISTO. Gente do mais variado tipo, que organiza sua vida a partir da OBRA DE CRISTO está exposta à zombaria, deboche, por parte da população, motivada pelo filme de Fábio Porchat e companhia.
Observe-se que não é o filme uma crítica série à crença e prática cristã. Não: não há dado de entendimento ou razão, alusão a fragilidades fundamentais de crença no enredo. É tudo direcionado diretamente ao afeto dos fiéis: é fazê-los sentirem-se indignados, menores do que são, diminuídos em sua crença, espezinhados em suas práticas e escolhas de vida. Enfim: o objetivo do filme é fazer o crente sentir-se ridículo por seu modo de vida, pela vida que gerencia, por ser quem é.
Fosse o filme uma crítica à fé cristã eu saberia defender-me eu sei explicar os fundamentos da minha fé e no correr da minha vida cristã tenho aprendido a fazer isso cada vez mais com mansidão e paciência. Não é como a crítica de um judeu à Trindade, ou de um muçulmano à Ressurreição – questões que passam pelo entendimento antes de alcançar as afeições. Não é como a crítica de um evangélico a um católico pela perspectiva destes sobre a Eucaristia. Não é uma discussão sobre dados, fatos e razões: não, não é. É o achincalhe, o desejo de ofender, de diminuir, de fazer sentir mal o fiel a Jesus.
Não dá mais para continuar assinando a NetFlix depois disso: não renovei a assinatura. Já vinha pensando nisso por causa de alguns lançamentos. Mas o lançamento desse filme foi definitivo.

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