Eu não pude deixar de recordar – ao tomar ciência do episódio do fuzilamento do policial militar bahiano Wesley – de uma passagem de Os Demônios, de Dostoiesky, em que um chefe de polícia, ao confrontar uma manifestação de trabalhadores, crê, num delírio, que o moto da manifestação era testá-lo, ou aproveitarem-se os manifestantes, de sua têmpera passiva, haja vista uma suposta fama – que só havia na própria cabeça do chefe de polícia – de que era um pau mandado de sua esposa. Movido por tal delírio, o chefe de polícia age com rigor desproporcional, ocasionando um triste episódio, com sérias repercurssões políticas.

Dostoievski revela porque entitula o livro de Os Demônios quando narra a citação de um dos principais personagens – Trofímovitch – do Evangelho de Lucas 8.32-35 (o episódio do endemoniado gadareno) em seu leito de morte. A Rússia sob processo revolucionário era uma Rússia Possessa – em português uma Rússia Demônia – vez que na língua desse povo demônio e possesso são significados pela mesma palavra. fi
Assim como um possesso bestifica a si ao ser bestificado por quem o possui assim os revolucionários bestificam a si ao serem bestificado pela ideologia revolucionária; e isso, que acontece individualmente acontece socialmente – no fim, a Rússia do moribundo personagem era, para ele, um casa cheia de possessos, que que começavam a fazer nela o que bem queriam, bestializando-a como a si bestializavam.
Wesley foi possesso pelo demônio do governador Rui Costa cometendo desatinos devido às ordens estúpidas e absurdas. Greca, outro demônio, tenta impor ordens para que não se alimentem os pobres. Como a indgnação do homem comum, em revolta, não vai dar espaço a desatinos ante as provações a que é submetido diariamente pelos políticos brasileiros deste naipe? Legiões de demônios atuam nas terras brasileiras a partir da Velha Política.
O Demônio está onde está a bestialidade: o assassinato de brasileiros pelo desvio de verbas da saúde, pelo desmonte oportunista dos hospitais de campanha, a prisão, humilhação e espancamento de trabalhadores, o denuncismo contra comerciantes que querem trabalhar, o regozijo com o caos econômico e falência de empresas. Aí estão – e com aqueles que de eventos assim participam ou a eles aderem e apóiam – os demônios que bestializam nossa pátria. Meu desejo pessoal para eles é que terminem desfiladeiro abaixo numa manada de porcos.


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