
A cultura popular registra e prevê as consequências do comprometimento ideológico de uma sociedade. Esse comprometimento, quando acontece, gera uma desestruturação cognitiva com consequências desastrosas para a sociedade, destruindo instituições e até mesmo o funcionamento da infraestrutura mínima da unidade política em que aquela sociedade vive.
Uthanda
Uthanda era uma banda de evangélicos californianos que eu ouvia muito nos anos 1990. As letras não eram carolas, a inclusão de músicas mundanas nos discos e uma cosmovisão cristã em temas como ambientalismo, chagas sociais e divórcio – embora apenas referente e superficial – me agradava. Descobri essa banda a partir de uma entrevista que eles concederam à revista CCM – Christian Contemporary Music, na época importada e vendida na banca de jornal que fica na Praça Saenz Peña, em frente à C&A. Na época, comprei também algumas “Soldiers of Fortune”, uma revista que cobria a vida de companhias mercenárias e mercenários solo, o que fazia o jornaleiro sorrir ironicamente. Confesso que não foi por muito tempo que fiz isso, mas o sorriso irônico marcou.
Uma música deles, intitulada “Mercy”, fala de uma Los Angeles caótica e cheia de miséria, com referências ao ambientalismo hipócrita, comércio abastecido por insumos de produção criminosos e violência urbana. A canção é marcada por um refrão que pedia misericórdia nas ruas de LA. Você pode ouvi-la clicando aqui, e ler a letra dela clicando aqui.
Los Angeles parece que foi cognitivamente capturada, há muito tempo, por uma ideologia que os mais atentos e os que têm uma percepção crítica já denunciavam desde então. A desestruturação cognitiva antecede a desestruturação institucional e, também, a destruição da infraestrutura de funcionamento e segurança da própria cidade.
Goliath
Goliath, uma série que pode ser vista no serviço de streaming da Prime Video, segue a trajetória de Billy McBride, um advogado que, após cair do topo, se vê em uma luta constante contra grandes corporações. Na primeira temporada, ele enfrenta seu antigo escritório, a Cooper, em um caso de homicídio, revelando a corrupção no coração da firma que ele ajudou a construir. A segunda temporada muda o foco para uma empresa de tecnologia, onde Billy e sua equipe lidam com questões de invasão de privacidade e vigilância, continuando sua cruzada por justiça.
Na quarta e última temporada, Billy e sua parceira, Patty Solis-Papagayo, mergulham na crise dos opioides ao confrontarem a indústria farmacêutica. Este arco final trata de temas de vício, responsabilidade corporativa e a luta por justiça em meio a uma emergência de saúde pública. “Goliath” assim conclui sua narrativa com Billy em busca não só da vitória legal, mas também de sua própria redenção pessoal.
A terceira temporada é notável por levar Billy ao Central Valley da Califórnia, onde ele se envolve em um caso que envolve um bilionário fazendeiro e sua irmã, suspeitos pela morte de uma amiga. O desvio de águas para fins corporativos em prejuízo da população e dos pequenos produtores é que teria causado a morte desta amiga. Este enredo aborda a corrupção, a disputa por recursos naturais como a água e a dinâmica de poder em uma área rural, proporcionando um cenário único para a batalha legal de Billy, marcada por traição e lealdade.
Esta terceira temporada da série “Goliath” antecipa a falência da infraestrutura de combate ao incêndio da cidade de Los Angeles a partir de uma crítica, por obra de cultura pop que é, da manipulação ideológica conjugada com a corrupção da burocracia. A terceira temporada da série deixa subentendido que a imagem politicamente correta alinhada é uma fachada da corrupção burocrática-corporativa que se utiliza de grupos politicamente protegidos (no caso, grupos indígenas). Na segunda temporada, o tema também foi tratado nessa perspectiva, indicando a manipulação eleitoral do julgamento do assassinato de um imigrante. A empresa que rouba água aproveita-se da captura moral, por corrupção, das tribos indígenas, bem como tem uma fachada antenada com o discurso de autoestima ao estilo Nova Era. O uso de estados alterados de consciência para tomada de decisão pelos detentores de poder do Vale Central da Califórnia também é destacado.
Los Angeles incendiada
O incêndio de Los Angeles revelou que os reservatórios de água dos hidrantes da cidade estavam comprometidos por políticas ambientais demandadas por tribos indígenas e que o equipamento de combate ao incêndio havia sido prejudicado por cortes orçamentários, enquanto o orçamento de assistência social a grupos de viciados e outros foi muito privilegiado e aumentado.
As críticas ao governador da Califórnia, Gavin Newsom, e à prefeita de Los Angeles, Karen Bass, após o grande incêndio que atingiu a cidade, focam em vários pontos. A principal acusação recai sobre a suposta falta de preparação e resposta eficiente ao desastre. Há relatos de que os serviços de emergência não estavam devidamente equipados ou preparados para a magnitude do incêndio, levando a questionamentos sobre a gestão dos recursos disponíveis. Outro ponto crítico foi a escassez de água durante o combate ao fogo, com hidrantes secos em áreas como Pacific Palisades, o que resultou em uma investigação solicitada sobre o manejo da infraestrutura hídrica.
Além disso, o corte no orçamento do Departamento de Bombeiros de Los Angeles foi alvo de críticas. Bass foi acusada de reduzir o financiamento em 17 milhões de dólares, o que, segundo alguns, impactou negativamente a resposta ao incêndio. Políticas e gestão também estiveram sob escrutínio, com críticas de figuras como o presidente eleito Donald Trump, que culpou as políticas de Newsom pela crise, sugerindo que medidas ambientais e de esquerda exacerbariam os problemas.
Toda a situação reflete uma mistura de problemas de infraestrutura, gestão de recursos, políticas ambientais e preparação para desastres, apesar das defesas e promessas de melhora vindas dos líderes políticos envolvidos, que – há tempos no poder – enxergam o mundo com lentes esquerdistas.
Apesar de serem informações que devam ser vistas com cautela, pois podem conter informações não verificadas ou tendenciosas, relatos de incêndios criminosos em Los Angeles vieram à tona durante o grande incêndio que assolou a cidade, levantando preocupações sobre a segurança pública e a intencionalidade dos atos. A confirmação oficial de incêndios criminosos e a investigação completa sobre as causas dos incêndios estariam ainda em andamento, de acordo com fontes de notícias mais tradicionais, mas segundo posts no X, a polícia de Los Angeles teria confirmado que muitos dos incêndios foram provocados por incendiários, com pelo menos um suspeito detido. Moradores teriam capturado um homem suspeito de iniciar um dos focos de incêndio, e há menções de incendiários sendo flagrados em ato de atear fogo em áreas urbanas como Santa Monica.
Há informações conflitantes e não confirmadas sobre a prefeita de Los Angeles, Karen Bass, ter feito algum curso em Cuba. Vários posts no X alegram que Karen Bass foi treinada em Cuba, com menções a ela tendo viajado para a ilha em várias ocasiões para treinamentos, inclusive em técnicas de guerrilha e montagem de dispositivos explosivos. No entanto, essas alegações não são apoiadas por fontes oficiais ou reportagens jornalísticas verificadas nas “Related Web Results” fornecidas.
Os posts no X incluem afirmações como Bass sendo uma “esquerdista bem treinada” e tendo feito “quinze viagens” a Cuba para treinamentos, mas essas afirmações são, por enquanto, baseadas mais em especulação e narrativas políticas do que em evidências concretas.
O comprometimento ideológico destrói a cidade
A ideologia leva cativos os fatos a ela. Quando a ideologia tem um propósito revolucionário, ela distorce os fatos para que estes se enquadrem nos seus esquemas e promessas.
Los Angeles, como vimos na música de Uthanda, há muito tempo é tomada pela ideia ambientalista que, conforme diz a música, “salva baleias à custa da inanição” das pessoas. Por trás da roupa de moda dos californianos, está o trabalho escravo dos países dos quais ela é importada, o que as suja de sangue. E os sem-teto dormem perto do carro novo do autor da música, estacionado próximo da igreja que ele frequentou por ego. A música fala de um mundo de aparência de virtude e sucesso, mas com um miolo de obtusidade promovido por ideologia e teologia erradas. No final, a sinalização de virtude termina destruindo instituições como a família e outras, bem como a infraestrutura.
É que a manutenção da infraestrutura básica de uma cidade acaba sendo subordinada aos propósitos revolucionários daqueles que têm poder sobre ela. No propósito revolucionário, é claro que eles vão relegá-la ao propósito imediato e revolucionário. A mentalidade revolucionária só enxerga numa perspectiva: a destruição do inimigo; e não consegue ver outras perspectivas, como, por exemplo, as tragédias decorrentes dos problemas de manutenção da infraestrutura.
Isso explica, por exemplo, a subordinação da macroestrutura financeira do Brasil (MEI e PIX) ao controle revolucionário do governo PT, insensível ao que isso vai significar para a população. Explica o desabamento da ponte Juscelino Kubitschek, que liga Tocantins ao Maranhão, bem como a desabilitação da transposição do Rio São Francisco.
Essa obtusidade da perspectiva revolucionária é que está por trás do comando judicial que proibiu a polícia de exercer a contenção do tráfico e da milícia nas comunidades que estas dominam, tornando-as verdadeiros territórios sagrados para criminosos do país inteiro, além de favorecer a expansão do poder da bandidagem para o asfalto, destruindo bens e extorquindo negócios.
A cultura popular registrou tudo isso e nos alertou. Não pensem os governantes e juízes revolucionários que ficarão isentos de culpa quando do julgamento pela história. E não pensem que boa parte do povo não aprendeu a lição. A eleição de Trump é um indicativo que músicas como as de Uthanda e as lições de séries e filmes como “Goliath” foram compreendidas por muita gente.

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