BLOG CASTRO MAGALHÃES

Editor: Carlos HB de Castro Magalhães (MTb 0044864/RJ)

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Era um domingo de Páscoa, e eu voltava de uma igreja criptocalvinista na zona oeste do Rio, dirigindo meu carro. O rádio estava sintonizado na Rádio MEC FM, e eu me sentia desgostoso. Embora o ambiente da igreja fosse acolhedor, o pregador, durante o sermão, negou a Trindade, dizendo que ela não existia e que a divindade era apenas Jesus Cristo. Aquilo mexeu comigo, porque a ideia da Trindade sempre foi algo profundo para mim. Eu seguia pela estrada, a caminho de encontrar meus familiares para celebrar a Páscoa, quando, de repente, começou a tocar no rádio o “Et in unum Dominum Jesum Christum“, da Missa em Si Menor de Bach. Eu sabia que era uma música ligada à Páscoa, algo tradicional e especial, mas não entendia a letra em latim. Mesmo assim, a melodia e a harmonia me tocaram de um jeito único.


A música , para mim, foi como se uma luz suave e quente entrasse pelo rádio e enchesse o carro. Não sou especialista em música, mas senti essa tonalidade como algo brilhante, quase esperançoso, que acalmou meu coração agitado. Era como se o som me abraçasse, trazendo uma sensação de paz e carinho, algo que parecia refletir o amor entre o Pai e o Filho, mesmo depois do que ouvi no sermão. O ritmo era gentil, meio dançante, como um balanço suave, e isso me levou a um estado de exultação, como se eu estivesse flutuando. As vozes se misturavam, conversando de um jeito tão bonito, e os violinos acompanhavam com uma melodia delicada, quase como anjos cantando. Eu não sabia o que as palavras diziam, mas a música me fez sentir a grandeza da obra trinitária, como se o Pai, o Filho e o Espírito Santo estivessem ali, unidos, me envolvendo em algo maior. Meu desgosto foi se desfazendo, e, naquele momento, dentro do carro, senti uma flutuação afetiva, uma alegria profunda e uma conexão com o mistério da Trindade que o sermão tinha tentado apagar. Para mim, foi como se Bach, com essa melodia, me lembrasse que a fé é mais forte, mais ampla, e que a música pode nos levar a sentir a verdade de um jeito que palavras sozinhas não conseguem.

O “Credo” (ou “Symbolum Nicenum”) é a parte da missa que apresenta a profissão de fé cristã, baseada no Credo de Niceia-Constantinopla. A seção “Et in unum Dominum Jesum Christum” corresponde ao texto que afirma a crença em Jesus Cristo como o Filho de Deus, parte da Trindade. O texto latino é:

Et in unum Dominum Jesum Christum, Filium Dei unigenitum, et ex Patre natum ante omnia saecula. Deum de Deo, lumen de lumine, Deum verum de Deo vero, genitum, non factum, consubstantialem Patri: per quem omnia facta sunt.

Em português, isso significa:


E em um só Senhor Jesus Cristo, Filho unigênito de Deus, nascido do Pai antes de todos os séculos. Deus de Deus, luz de luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não criado, consubstancial ao Pai: por quem todas as coisas foram feitas.”

Este trecho reflete a doutrina central do cristianismo sobre a divindade de Cristo e sua relação com Deus Pai, enfatizando sua natureza eterna e coessencial.

A Missa em Si Menor não foi composta para uma única ocasião litúrgica, mas é uma obra monumental que reúne materiais anteriores de Bach (como partes do “Kyrie” e “Gloria”, apresentados em 1733) e novas composições. Embora Bach fosse luterano, a missa segue a estrutura católica, o que reflete seu desejo de criar uma obra universal, transcendente às divisões religiosas de sua época.


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