
Aristóteles afirmava que há dois tipos de mentira: a que exagera a verdade (jactância) e a que a diminui (ironia). Ele não considerava a fraude ou a traição como derivações da mentira, mas como vícios mais graves. Por isso, tribunais que praticam impostura ou, em outras ocasiões, suprimem ou tornam a verdade irrelevante soam arrogantes e debochados.
A mentira e a impostura possuem uma vantagem estrutural em relação à verdade: elas podem ser enunciadas e manifestadas de forma simples e direta, sem a necessidade de provas ou justificativas complexas, enquanto refutá-las exige um esforço maior, com argumentos detalhados e evidências. Por essa razão, o caminho da construção de narrativas e da farsa judicial pode parecer mais inteligente para a esquerda, justificando o uso da mendacidade como método.
No entanto, a repetição dessa prática torna-se um vício, e o vício é uma forma de corrupção da cognição. A partir de determinado momento, essa opção pela vantagem estrutural da mentira e da farsa distorce a percepção da realidade por parte de quem a pratica. Por outro lado, assim como o excesso de veneno pode gerar um antídoto, a partir de certo ponto, o povo desenvolve resistência à contínua falsificação da verdade por meio de narrativas.

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