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Por Carlos Magalhães, para o Blog Castro Magalhães, em 23 de julho de 2025

A fintech Left (Liberdade Econômica em Fintech) marcou sua entrada no cenário financeiro brasileiro ao viabilizar a chegada da UnionPay, uma das maiores bandeiras de cartões do mundo, ao Brasil em 2025. Fundada em dezembro de 2020 por Daniel Gonçalves, advogado, e Wolney Borba, contabilista e administrador, ambos de Porto Alegre, a Left começou com um capital inicial de R$ 500 mil, conforme reportado pela CartaCapital e Finsiders Brasil. Até o momento, os dois sócios-fundadores são os principais investidores, tendo aportado cerca de R$ 3 milhões, segundo a AgFeed. A empresa se destaca por sua proposta de criar um “banco progressista”, que redistribui parte de suas receitas para movimentos sociais, como o MST, e busca reduzir a dependência brasileira de bandeiras internacionais como Visa e Mastercard, além do sistema SWIFT, conforme destacado por José Kobori em entrevista ao Brasil 247.

A Left conta com figuras de peso em seu conselho e equipe executiva, incluindo nomes com ligações políticas. Marco Maia, ex-deputado federal pelo PT e ex-presidente da Câmara dos Deputados, atua como diretor de Relações Institucionais, trazendo sua experiência política e conexões com o governo para a fintech, conforme noticiado pela Revista Fórum. Outro nome de destaque é José Kobori, financista e conselheiro estratégico da Left, cuja trajetória e mutação ideológica são centrais para entender o impacto da fintech no mercado brasileiro.

José Kobori, conforme descrito em seu perfil no LinkedIn e em entrevistas ao Brasil 247 e ao podcast Três Irmãos, é um executivo com vasta experiência em finanças e fusões e aquisições. Graduado em Gestão de Marketing pela UNICESP, com especialização em Finanças pela FGV, MBA pelo IBMEC e formação como Conselheiro de Empresas pela Fundação Dom Cabral, Kobori fundou a JK Global Partners e foi cofundador da Scicrop S.A., além de ter lecionado finanças no IBMEC por uma década. Autor do livro Análise Fundamentalista – Como Obter uma Performance Superior e Consistente no Mercado de Ações (Alta Books), ele é reconhecido por sua habilidade em explicar conceitos econômicos complexos de forma acessível.

A trajetória de Kobori foi marcada por uma mutação ideológica significativa. Inicialmente um liberal, ele passou a adotar uma visão progressista após sua prisão em 2018, no âmbito da Operação Bônus, uma ramificação da Operação Bereré, que investigava supostas fraudes no Detran-MT. Acusado de intermediar propinas, Kobori passou 80 dias preso, mas foi liberado por decisão do ministro Dias Toffoli, do STF, em julho de 2018, conforme relatado pelo G1. Ele alega que a acusação foi injusta e que sua atuação sempre combateu práticas ilícitas, conforme registrado em documentos judiciais. Essa experiência, que incluiu ameaças de morte e o uso de carro blindado até hoje, levou-o a questionar os excessos da Operação Lava Jato, descrita por ele como uma “inquisição moderna” em entrevista ao Jornal GGN. A partir disso, Kobori passou a estudar teorias keynesianas e a defender um modelo de desenvolvimento com maior soberania econômica e justiça social, alinhando-se ao projeto da Left.

Na Left, Kobori atua como conselheiro estratégico, não como sócio ou investidor, e destaca a parceria com a UnionPay como um passo para fortalecer a soberania econômica brasileira, reduzindo a dependência de sistemas financeiros ocidentais, conforme afirmou ao Brasil 247. Ele só retornou ao mercado financeiro por compartilhar os valores progressistas da fintech, após anos afastado devido às experiências traumáticas de 2018. Sua visão inclui críticas à financeirização como forma de “colonialismo moderno” e apoio aos BRICS para um mundo multipolar, conforme exposto no podcast Manhã Brasil.

A história de Kobori ecoa a narrativa do personagem Lucas, do filme O Bom Burguês (1983), dirigido por Oswaldo Caldeira. Inspirado em Jorge Medeiros Valle, Lucas é um bancário que desvia recursos do Banco do Brasil para financiar a guerrilha contra a ditadura militar, enquanto mantém uma fachada de prosperidade entre a elite. Como Kobori, Lucas começa no setor financeiro, enfrenta acusações de desvios financeiros, é preso e liberado por decisão de alto escalão, e navega entre esferas de poder. No filme, Lucas reflete sua dualidade ao dizer: “Eu sou um homem comum, mas sei jogar com as peças que me dão” (diálogo adaptado do filme, conforme Memórias da Ditadura). Essa frase captura a habilidade de ambos em operar em ambientes complexos, seja Lucas manipulando contas para a resistência, seja Kobori transitando do liberalismo ao progressismo após sua prisão. No filme O Bom Burguês Lucas atua na clandestinidade em um contexto de ditadura; Kobori, porém, opera ostensivamente, em um cenário ilusoriamente democrático, com uma transformação ideológica supostamente voltada para a soberania econômica, mas que, na verdade, consagra os objetivos finais da revolução que Lucas financiava: a rendição ao ideal maoísta, ou seja, à China comunista.

Fontes: CartaCapital, Finsiders Brasil, AgFeed, Revista Fórum, Brasil 247, Jornal GGN, podcast Três Irmãos, podcast Manhã Brasil, LinkedIn de José Kobori, G1, Wikipédia, Memórias da Ditadura.


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