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Editor: Carlos HB de Castro Magalhães (MTb 0044864/RJ)

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Por Carlos Magalhães

Em 24 de julho de 2025, o Brasil anunciou sua saída da Aliança Internacional para a Memória do Holocausto (IHRA), uma decisão que reverberou como um terremoto na comunidade judaica brasileira e no cenário diplomático internacional. Sob o comando do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o governo brasileiro rompeu com uma organização dedicada a preservar a memória do Holocausto e combater o antissemitismo, em um movimento amplamente condenado como um retrocesso moral e um alinhamento perigoso com narrativas anti-Israel. A decisão, que coincide com a adesão do Brasil a uma ação na Corte Internacional de Justiça (CIJ) acusando Israel de genocídio em Gaza, expõe as contradições de uma política externa que, para muitos, flerta com o antissemitismo.

Um Golpe Contra a Memória do Holocausto

A IHRA, criada na década de 1990, é um organismo global que promove educação, pesquisa e políticas contra o antissemitismo, com a adoção de sua definição de antissemitismo por dezenas de países e cidades, incluindo Rio de Janeiro e São Paulo. A saída do Brasil, onde o país era membro observador desde 2021, foi classificada pelo Ministério das Relações Exteriores de Israel como uma “profunda falha moral”. No X, a reação da comunidade judaica brasileira foi de indignação. Usuários como @MichelePradoBa chamaram o governo Lula de “o mais antissemita da história do Brasil”, enquanto @juliovschneider acusou a decisão de ser um “desrespeito à história” e um ataque aos valores ocidentais.

A Confederação Israelita do Brasil (Conib), liderada por Claudio Lottenberg, ainda não emitiu uma nota oficial sobre a saída, mas sua recente crítica à política externa de Lula dá o tom da insatisfação. Em 23 de julho, a Conib condenou o apoio do Brasil à ação na CIJ, chamando-a de “falsa e perversa” e um desrespeito à memória do Holocausto. A StandWithUs Brasil, que celebrou a adoção da definição de antissemitismo da IHRA pelo Rio em 2023, também deve ver a decisão como um revés, dado seu trabalho incansável contra o ódio antissemita.

A Contradição de Líderes Judaicos que Apoiaram Lula

A decisão do governo Lula é ainda mais desconcertante quando lembramos que, durante a campanha de 2022, líderes e personalidades judaicas brasileiras apoiaram sua reeleição. Figuras como o rabino Michel Schlesinger, da Congregação Israelita Paulista, e o empresário Daniel Birmann, que se engajaram em eventos de apoio ao então candidato, defendiam que Lula representava a defesa da democracia e da inclusão. Schlesinger, conhecido por seu diálogo inter-religioso, chegou a participar de atos públicos ao lado de lideranças progressistas, enquanto Birmann, em artigos e entrevistas, destacou a necessidade de derrotar o bolsonarismo para preservar os valores democráticos.

Hoje, esses líderes enfrentam um dilema. A saída da IHRA e a escalada das tensões com Israel contradizem a imagem de um governo comprometido com a tolerância. A comunidade judaica, que já registra um aumento alarmante de 27% nas denúncias de antissemitismo desde 2023, segundo a Conib, sente-se traída. Como conciliar o apoio a Lula com uma política externa que, na visão de muitos, legitima narrativas antissemitas e isola o Brasil do consenso global contra o ódio?

A Perspectiva Insustentável de @GeopolPt

Entre as poucas vozes que tentaram justificar a saída, destaca-se a postagem do usuário @GeopolPt no X, que sugeriu que a IHRA seria usada para “confundir os termos em redor do sofrimento do povo judaico para justificar o atual genocídio em Gaza”. Tal argumento é não apenas falacioso, mas perigoso. Ao equiparar a missão da IHRA – preservar a memória de seis milhões de judeus assassinados pelo nazismo – com uma suposta agenda sionista, @GeopolPt reproduz uma narrativa antissemita que deslegitima a luta contra o ódio e distorce a história. Essa visão, felizmente minoritária, ignora que a IHRA distingue claramente críticas legítimas a Israel de ataques antissemitas, como os que associam judeus a crimes coletivos. Defender a saída do Brasil com base em tal distorção é, no mínimo, uma afronta à inteligência e à ética.

Um Brasil Isolado e Envergonhado

A decisão de abandonar a IHRA não é um ato isolado. Ela se soma a episódios como a comparação de Lula, em fevereiro de 2024, entre as ações de Israel em Gaza e o Holocausto, que levou Israel a declará-lo persona non grata. O American Jewish Committee (@AJCGlobal) lamentou no X que o Brasil, ao sair da IHRA, “abandonou sua comunidade judaica”, destacando a contradição com cidades como Rio e São Paulo, que adotaram a definição de antissemitismo da IHRA. Até mesmo o senador Sergio Moro chamou a saída de “vexame internacional”, sugerindo hostilidade à comunidade judaica.

O silêncio do Itamaraty, que não justificou a decisão, apenas amplifica a percepção de que o Brasil, sob Lula, escolheu o isolamento diplomático e o alinhamento com regimes e narrativas que negam a gravidade do antissemitismo. Para a comunidade judaica brasileira, que enfrenta um aumento de 10 vezes nas denúncias de ódio desde o conflito Israel-Hamas, a saída da IHRA é um golpe duplo: um ataque à memória do Holocausto e um sinal de que o governo não está comprometido com sua proteção.

*Coleta de dados para a matéria com auxílio da AI Grok 3


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