Recentemente, a deputada federal Tabata Amaral (PSB-SP) publicou um vídeo nas redes sociais criticando as medidas tomadas pelo governo de Donald Trump contra o Brasil, particularmente as tarifas de 50% e as sanções baseadas na Lei Magnitsky. No entanto, uma análise mais detalhada revela que muitas das afirmações feitas por Amaral carecem de fundamento e apresentam inconsistências significativas.

Primeiramente, Amaral sustenta que as tarifas e sanções são “apenas a ponta do iceberg” de um plano mais amplo de Trump contra o Brasil. Contudo, essa afirmação não encontra respaldo em evidências concretas. As medidas foram especificamente direcionadas como retaliação às ações do Supremo Tribunal Federal brasileiro contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, e não há indícios de um plano mais abrangente e não divulgado [Reuters, 2025-07-31].

Outro ponto controverso é a sugestão de que as Big Techs teriam um interesse significativo nas políticas de Trump. Amaral argumenta que essas empresas estariam por trás das ações do governo americano, mas essa especulação não é apoiada por dados diretos. De fato, as tarifas e sanções impactam principalmente indústrias tradicionais e não os setores de tecnologia, que foram consideravelmente excluídos da lista de tarifas [Reuters, 2025-07-31].

Além disso, o vídeo de Amaral implica que os cidadãos brasileiros seriam as principais vítimas das políticas de Trump, ignorando o fato de que produtos cruciais para a economia brasileira, como aeronaves, energia e suco de laranja, foram excluídos das tarifas. Essa exclusão mitiga significativamente o impacto sobre a população comum [Reuters, 2025-07-31].

Outro aspecto problemático é a conexão forçada entre as preocupações com a privacidade de dados das Big Techs e as políticas de Trump. Amaral menciona o uso indevido de dados por empresas como o Facebook, mas essa questão é independente das recentes ações de Trump e precede-as em anos [BBC News Brasil, 2025-07-30]. A tentativa de vincular esses dois tópicos parece mais um esforço para amplificar a narrativa do que uma análise baseada em fatos.

A deputada também sugere que as ações de Trump fazem parte de um esforço coordenado para minar a soberania brasileira, em conluio com as Big Techs. No entanto, as políticas implementadas são mais estreitamente focadas na retaliação contra ações judiciais do que em um ataque generalizado à autonomia do Brasil [Reuters, 2025-07-31].

Por fim, a ênfase de Amaral no Pix como uma questão de soberania nacional é exagerada. Embora o Pix seja uma inovação importante para a infraestrutura de pagamentos digitais do Brasil, sua promoção como uma defesa contra a influência internacional de tecnologia não contraria diretamente os efeitos imediatos das tarifas e sanções de Trump [Wikipedia, 2025-07-28].

Em resumo, o vídeo de Tabata Amaral apresenta uma série de falácias e inconsistências ao tentar vincular as políticas de Trump a um suposto plano contra o Brasil e às Big Techs. A falta de evidências concretas e a distorção de fatos undermining a credibilidade das críticas feitas.

Fontes:

• Reuters. “Trump ends de minimis exemption for tariffs, imposes copper, Brazil levies.” 2025-07-31. Disponível em: http://www.reuters.com.
• BBC News Brasil. “Facebook admite uso indevido de dados de 87 milhões de usuários, 443 mil no Brasil.” 2025-07-30. Disponível em: http://www.bbc.com/portuguese.
• Wikipedia. “Pix (payment system).” 2025-07-28. Disponível em: en.wikipedia.org.