Rio de Janeiro, 5 de agosto de 2025 – Deputados e senadores da oposição, alinhados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), iniciaram nesta terça-feira uma operação de obstrução total nas duas Casas legislativas, em retaliação à decisão do STF que determinou a prisão domiciliar de Bolsonaro em 4 de agosto.
Ato de ocupação e pauta do “pacote da paz”
A partir de cerca das 12h30, os oposicionistas passaram a ocupar fisicamente as Mesas Diretoras da Câmara dos Deputados e do Senado, impedindo o início das sessões e bloqueando votações tanto no plenário quanto nas comissões.
Eles exigem a inclusão imediata na pauta de três temas centrais:
1)Anistia ampla, geral e irrestrita aos envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro;
2)Impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do STF;
3)Votação da PEC que acaba com o foro privilegiado para crimes comuns.
Parlamentares do PL como Flávio Bolsonaro, Rogério Marinho, Luciano Zucco e Sóstenes Cavalcante encabeçam o movimento, apelidado ironicamente de “pacote da paz”, afirmando que essas medidas são necessárias para “pacificar o país”.
Sessões foram canceladas
Diante da ocupação, os presidentes das Casas – Hugo Motta (Câmara) e Davi Alcolumbre (Senado) – cancelaram as sessões da terça-feira e prevendo também a da quarta.
Alcolumbre classificou a ação como um “exercício” afirmando que a obstrução compromete os princípios democráticos e anunciou uma reunião de líderes para buscar uma solução institucional. Em notas e redes sociais, ambos ressaltaram a necessidade de diálogo e retomada dos trabalhos com respeito ao Parlamento como espaço de entendimento.
Motivações políticas e reações públicas
Os oposicionistas apontam que o movimento é uma resposta à prisão domiciliar imposta a Bolsonaro pelo ministro Moraes, sob alegação de uso de redes sociais para incitar atentados contra instituições, inclusive apoiando intervenção externa no Judiciário.
Segundo Rogério Marinho, a obstrução decorre da falta de diálogo: “faço mais de 15 dias que não consigo interlocução com Davi Alcolumbre”, justificando que a medida é extrema, porém necessária.
O vice-presidente da Câmara,Altineu Côrtes (PL-RJ), declarou que poderá pautar o projeto de anistia caso Hugo Motta deixe o país temporariamente, assumindo a presidência da Casa.
Impacto institucional
A obstrução interrompe completamente a tramitação de projetos sensíveis, como a proposta de anistia aos envolvidos nos eventos de 8 de janeiro e a PEC do fim do foro privilegiado, que aguarda votação na Câmara.
A base governista sinalizou oposição às pautas reivindicadas, principalmente à anistia, o que amplia o impasse político e provoca incertezas sobre o funcionamento do Legislativo nos próximos dias.
A partir dos posts divulgados nas redes sociais por deputados e senadores bolsonaristas, fica claro que o movimento não é apenas simbólico – trata-se de uma estratégia deliberada de obstrução institucional, com ocupação física dos espaços decisórios do Congresso, visando pressionar pela adoção imediata das pautas político-judiciais por eles defendidas.


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