Por Carlos Magalhães
No dia 6 de agosto de 2025, a Câmara dos Deputados brasileira foi palco de uma revelação que promete redefinir a compreensão das eleições presidenciais de 2022. Durante uma sessão da Comissão de Relações Exteriores, o deputado federal Filipe Barros (PL-PR) denunciou uma suposta interferência do Partido Democrata dos Estados Unidos, por meio da CIA, nas eleições brasileiras, com o objetivo de prejudicar a reeleição de Jair Bolsonaro. As acusações apontam para uma “derrama de dólares” em órgãos brasileiros, incluindo o Partido dos Trabalhadores (PT), e a instrumentalização do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para perseguir o então presidente. As denúncias foram baseadas em depoimentos de Mike Benz, um ex-funcionário do Departamento de Estado dos Estados Unidos, conhecido por suas críticas à suposta interferência estrangeira em processos eleitorais.
O Contexto das Denúncias
Mike Benz, que serviu como Deputy Assistant Secretary for International Communications and Information Technology durante o governo de Donald Trump, fundou a Foundation for Freedom Online (FFO) após deixar o governo. A FFO é uma organização dedicada a expor o que ele chama de “censura digital” e manipulação de narrativas online por governos e corporações. Suas declarações na Câmara dos Deputados sugerem que milhões de dólares foram canalizados para influenciar o resultado das eleições brasileiras de 2022. Segundo Benz, essa interferência teria sido orquestrada pelo Partido Democrata, em aliança com a esquerda brasileira, com o intuito de garantir a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva, candidato do PT. A CIA, segundo as acusações, teria desempenhado um papel central, financiando organizações não governamentais (ONGs) e outras entidades que, por sua vez, teriam atuado para desestabilizar a campanha de Bolsonaro.
Adicionalmente, outra denúncia veio à tona através de um vídeo do pastor Caio Fábio, disponível em https://youtu.be/GDloifK5150?feature=shared, onde ele informa que o PT recebeu dinheiro do ditador terrorista Muamar Al Kadafi. Essa revelação acrescenta um elemento histórico às acusações, sugerindo que o financiamento estrangeiro ao PT não é um fenômeno recente, mas remonta a décadas atrás, com implicações graves para a soberania nacional e a integridade do processo eleitoral brasileiro.
O Papel do Partido dos Trabalhadores
Uma das acusações mais graves apontadas por Benz, e endossadas por Barros, é a de que o PT teria se beneficiado diretamente desses recursos estrangeiros, o que, segundo a legislação brasileira, é proibido. O deputado sugeriu a criação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar os repasses da USAID ao PT e a outras entidades. Além disso, ele propôs a avaliação jurídica sobre a possível extinção do registro do PT, argumentando que o partido teria violado a lei ao receber funding internacional. A denúncia de Caio Fábio sobre o financiamento por Kadafi reforça a narrativa de que o PT teria um histórico de receber recursos de fontes controversas, ampliando a gravidade das acusações.
Instrumentalização do TSE
Outro ponto central das denúncias é a alegação de que o TSE foi instrumentalizado para perseguir Jair Bolsonaro. Benz afirmou que a interferência estrangeira não se limitou a financiamentos, mas também incluiu a manipulação de instituições brasileiras para criar um ambiente hostil ao ex-presidente. Essa narrativa sugere que decisões do TSE, como a impugnação de candidaturas e a fiscalização rigorosa da campanha de Bolsonaro, teriam sido influenciadas por pressões externas.
Reações e Implicações
As declarações de Barros, baseadas nos depoimentos de Benz, geraram imediata repercussão nas redes sociais, com apoiadores de Bolsonaro defendendo a abertura de investigações e críticos questionando a veracidade das acusações. O deputado enfatizou a necessidade de a Câmara reagir, defendendo a soberania nacional e afirmando que “liberdade não se negocia”. Ele também mencionou a criação de um projeto de lei para regulamentar a atuação de ONGs no Brasil, sugerindo que essas entidades teriam sido utilizadas como instrumentos de interferência.
Análise Crítica
O depoimento de Benz marca um ponto de virada, pois apresenta o primeiro fato concreto a comprovar o que antes era mera especulação, uma vez que ele não apenas falou, mas exibiu provas documentais de sua denúncia. Embora as denúncias de Benz e Barros sejam graves, é importante contextualizá-las dentro do cenário político brasileiro. As eleições de 2022 foram marcadas por polarização intensa, com acusações de ambos os lados sobre irregularidades no processo eleitoral. No entanto, o que antes era mera especulação agora apresenta-se como fato real, agravado pela grave interferência externa num contexto de margem extremamente estreita da vitória de Lula (50,9% contra 49,1% de Bolsonaro), o que corrobora as acusações de financiamento estrangeiro em larga escala.
Por outro lado, a história recente do Brasil, marcada por operações como a Lava Jato, que detectou o desvio de dinheiro para outros países do Foro de São Paulo, como a Venezuela, demonstra que a interferência de atores externos não é uma possibilidade descartável. A relação entre o PT e organizações internacionais, especialmente durante os governos de Lula e Dilma Rousseff, foi amplamente debatida, e a dependência de funding externo por parte de ONGs brasileiras é um tema recorrente. Ainda que a credibilidade de Mike Benz como fonte seja contestada por alguns – como se ter um histórico inegociável de defesa de princípios republicanos e críticas frequentes ao establishment americano fosse algo errado – a própria história do PT e os debates sobre as ONGs dão credibilidade às denúncias dele.
Conclusão
As acusações de interferência internacional nas eleições de 2022, se comprovadas, representariam um dos maiores desafios à soberania brasileira em décadas. No entanto, a gravidade das denúncias exige uma investigação rigorosa e imparcial, que vá além de narrativas políticas. Enquanto a CPMI proposta por Barros pode ser um primeiro passo, é fundamental que as instituições brasileiras atuem de forma independente para esclarecer os fatos e restaurar a confiança no processo democrático.
A história está em curso, e o desfecho dessas denúncias poderá redefinir não apenas a percepção das eleições de 2022, mas também a relação do Brasil com atores internacionais. Como sempre, a verdade deve prevalecer, e a soberania nacional deve ser defendida a qualquer custo.
Abaixo o vídeo completo da sessão da Comissão de Relações Exteriores.


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