A violência perpetrada por grupos afiliados ao Estado Islâmico (ISIS) contra comunidades cristãs tem se intensificado em diversas regiões da África, alcançando países de língua portuguesa, como Moçambique. Em Cabo Delgado, no norte do país, ataques brutais realizados por jihadistas têm incluído decapitações de cristãos, incêndios de igrejas e destruição de vilarejos, num cenário descrito como um “genocídio silencioso” pelo Instituto de Pesquisa de Mídia do Oriente Médio (MEMRI), uma organização sem fins lucrativos de combate ao terrorismo sediada em Washington, D.C..
Segundo o MEMRI, a Província do Estado Islâmico em Moçambique (ISMP) divulgou 20 fotos documentando quatro ataques a vilarejos cristãos no distrito de Chiure, em Cabo Delgado. As imagens mostram militantes do ISIS invadindo comunidades, queimando uma igreja e várias casas, além de exibirem a decapitação de dois civis cristãos e de um membro de uma milícia considerada “infiéis” pelos jihadistas. Esses ataques, ocorridos em julho, incluíram a execução de seis cristãos na vila de Natocua, distrito de Ancuabe, no dia 22 de julho, conforme relatado pelo MEMRI.
O vice-presidente do MEMRI, Alberto Miguel Fernandez, ex-diplomata americano, alertou que a violência em Moçambique representa uma “guerra brutal e silenciosa” que ocorre longe dos holofotes internacionais. “Estamos vendo um tipo de genocídio silencioso”, afirmou Fernandez, destacando o risco de grupos jihadistas consolidarem poder em regiões instáveis, uma ameaça não apenas para as comunidades locais, mas também para a segurança global.
A crise humanitária em Moçambique é alarmante. A Organização Internacional para as Migrações (OIM), ligada às Nações Unidas, relatou que mais de 46 mil pessoas foram deslocadas em apenas oito dias no último mês em Cabo Delgado, sendo quase 60% delas crianças. Desde 2017, mais de 1 milhão de pessoas abandonaram suas casas na região devido à violência, agravada por secas e ciclones. Crianças também têm sido sequestradas para servir como trabalhadores forçados ou soldados infantis.
Organizações cristãs, como a Barnabas Aid, denunciaram a escalada da violência, apontando que pelo menos nove cristãos foram mortos em ataques entre 24 e 25 de julho no distrito de Chiure. A organização alertou para a falta de atenção global à campanha genocida contra cristãos na África Subsaariana, que já matou mais de 50 mil pessoas desde 2017.
A violência do ISIS também afeta regiões não lusófonas, como a República Democrática do Congo (RDC), onde ataques similares ocorrem contra cristãos, Moçambique destaca-se como um país de língua portuguesa diretamente impactado. Na RDC, por exemplo, a Província do Estado Islâmico na África Central (ISCAP) atacou a vila cristã de Komanda, em Ituri, no dia 27 de julho, matando pelo menos 45 pessoas, segundo o MEMRI.
A resposta internacional à violência permanece limitada. Fernandez criticou a abordagem da ONU, que, segundo ele, evita reconhecer a motivação anticristã dos ataques, tratando a questão de forma genérica. Ele destacou, no entanto, que esforços como o cessar-fogo mediado pela administração Trump entre Ruanda e a RDC podem ajudar a conter o avanço jihadista em áreas de vácuo de segurança.
A perseguição aos cristãos em Moçambique revela a expansão da ideologia jihadista para países de língua portuguesa, ameaçando comunidades vulneráveis. A falta de cobertura midiática e a aparente indiferença global agravam a crise, enquanto as vítimas clamam por proteção. Organizações como o MEMRI e a Barnabas Aid pedem ações urgentes para conter essa violência, alertando que o silêncio internacional pode custar ainda mais vidas.
Fontes:
- Fox News: https://www.foxnews.com/world/isis-soldiers-behead-christians-mozambique-burning-church-homes-silent-genocide
- Wisdom 92.1: https://www.wzdm.com
- Halla Back: https://hallaback.com
- Barnabas Aid: https://www.barnabasaid.org


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