Por Castro Magalhães
Publicado em 24 de agosto de 2025 no blog castromagalhaes.blog
Em um incidente alarmante que abalou a família do ex-presidente Jair Bolsonaro, criminosos armados invadiram a residência da mãe e dos avós do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) em Resende, no sul do Rio de Janeiro, no último domingo. As vítimas – os idosos avós, com mais de 80 anos, e sua filha Rogéria Bolsonaro, ex-mulher de Jair Bolsonaro e mãe de Flávio, Carlos e Eduardo – foram mantidas reféns por mais de uma hora. Os assaltantes, aparentemente motivados por rumores de dinheiro enviado por Jair Bolsonaro, reviraram a casa em busca do suposto valor, fugindo em seguida com joias, celulares e o carro do avô, sem encontrar o que procuravam.
Rogéria e seus pais, sogros de Jair Bolsonaro, representam o lado mais vulnerável dessa família já exposta a intensas pressões políticas. É impossível não se solidarizar com o trauma vivido por idosos inocentes e uma mãe dedicada, que agora lidam com as sequelas de um ato de violência gratuita. Imagens divulgadas por Flávio Bolsonaro revelam a devastação: gavetas esvaziadas, pertences espalhados, um retrato cruel do desrespeito à privacidade e à dignidade humana. A Polícia Civil do Rio de Janeiro investiga o caso como roubo seguido de sequestro, com perícia em andamento, mas até o momento não há confirmações sobre os responsáveis ou motivações além do roubo comum.
Mantendo uma perspectiva equilibrada, é fato que o episódio ocorre em um contexto de alta polarização política no Brasil. Eduardo Bolsonaro associou o crime a possíveis vazamentos de informações da Polícia Federal, apontando para a influência do ministro Alexandre de Moraes, do STF, que conduz inquéritos contra a família, incluindo investigações sobre supostas tentativas de golpe e irregularidades financeiras. Embora não haja evidências concretas ligando o incidente a disputas judiciais, declarações passadas de auxiliares de Moraes geram questionamentos. Em mensagens reveladas recentemente, um juiz auxiliar do gabinete de Moraes, Airton Vieira, expressou frustração com a falta de cooperação dos EUA e da Interpol em um caso envolvendo o jornalista Allan dos Santos, sugerindo “mandar uns jagunços” para capturá-lo à força e trazê-lo de volta ao Brasil. Essa linguagem, ainda que fosse hiperbólica, alimenta narrativas sobre o uso de métodos extralegais em perseguições políticas, sem que haja prova de conexão direta com o caso de Resende.
Aliados do PL, como deputados do partido, expressaram solidariedade à família e criticaram a segurança pública no Rio de Janeiro, exigindo proteção para cidadãos expostos. O incidente ganha contornos ainda mais preocupantes considerando o histórico de mortes suspeitas em contextos políticos no Brasil, frequentemente associadas por críticos à esquerda ou a disputas de poder: o assassinato do prefeito Celso Daniel (PT) em 2002, após alegações de corrupção; a morte do filho de Geraldo Alckmin, Thomaz, em um acidente de helicóptero em 2015; e o falecimento do ministro Teori Zavascki em um acidente aéreo em 2017, enquanto relator da Lava Jato. Esses casos, embora investigados como acidentais ou criminosos comuns, alimentam teorias sobre violência política, sem conclusões definitivas que impliquem partidos específicos.
Ademais, Resende fica próxima à divisa com o estado de São Paulo, berço do Primeiro Comando da Capital (PCC), uma facção criminosa com histórico de ações violentas. Rumores não confirmados circulam há anos sobre supostas conexões de Alexandre de Moraes com o PCC, remontando ao período em que ele atuou como advogado e secretário de Segurança Pública em São Paulo, defendendo uma empresa acusada de ligações com a organização. No entanto, não há evidências concretas de envolvimento atual, tratando-se de especulações que merecem cautela.
Nas redes sociais, o caso repercutiu intensamente, com posts no X (antigo Twitter) expressando indignação e solidariedade aos Bolsonaros. O deputado Eduardo Bolsonaro cobrou agilidade nas investigações, enquanto outros usuários associaram o crime a fanatismo político, alertando para riscos de violência inspirada em polarização. Internacionalmente, embora o foco recente da mídia estrangeira esteja em outros desdobramentos envolvendo Bolsonaro, como sua inelegibilidade até 2030, o incidente começa a ganhar eco em veículos que monitoram a instabilidade política brasileira, destacando preocupações com a segurança de figuras públicas em um ambiente de tensão.
Enquanto as autoridades prosseguem com a apuração, a família Bolsonaro merece apoio para superar esse trauma, e o país precisa refletir sobre como proteger seus cidadãos de atos criminosos, independentemente de filiações políticas.


Deixe um comentário