Ao sermos abençoados — principalmente com aquelas bênçãos que envolveram nosso esforço — devemos ser gratos a Deus. O vácuo da gratidão é ocupado pelo orgulho, e este tem como companheiros vários pecados que se apresentam como recompensa. A ansiedade é acompanhada por compensação, e o orgulho, por autorrecompensa, que pode estar acompanhada de mil propostas pecaminosas. O crente orgulhoso tem diante de si sete demônios com mil pecados todos os dias.

Não que não devamos celebrar vitórias e conquistas, ou estabelecer autorrecompensas por alcançá-las, mas sim que devemos fazer isso na proporção adequada à condição de quem recebe tudo de Deus. A gratidão, aqui, é absoluta: Deus não foi apenas um coadjuvante em nossa conduta, ou um parceiro colateral que deu um empurrãozinho no momento de dificuldade. Não, devemos extrair uma gratidão genuína, reconhecendo que toda atitude, competência, habilidade e recursos usados na conquista provieram de Deus e nos foram dados ou disponibilizados por Ele.

Na prática, a gratidão raramente é genuína — ela vem misturada com orgulho, desejo de aprovação e outros sentimentos. O esforço devocional, porém, deve ser para que a oração a torne genuinamente apresentada perante Deus. Na meditação que necessariamente precede a oração de gratidão, nós — sensíveis a nós mesmos — nos examinamos e percebemos os ingredientes carnais que compõem ou acompanham nossa iniciativa de gratidão. Cientes deles, nos colocamos diante de Deus — isto é, reconhecemos que Deus os vê — e pedimos perdão por eles, suplicando que Ele nos agracie com a bênção de expressar gratidão de maneira mais pura. Lembramo-nos de que a ovelha oferecida no templo devia ser sem mácula ou defeito. Perdoados, sentimo-nos como que limpos de tais sentimentos. Então oramos, agradecendo a Deus pela bênção.

A gratidão tem disso: somos abençoados por ela quando tão somente meditamos em praticá-la.