Por Carlos Magalhães, 8 de setembro de 2025
As manifestações de 7 de setembro de 2025, pró-Bolsonaro, pela anistia dos condenados do 8 de janeiro e contra Alexandre de Moraes, reuniram entre 500 mil e 1 milhão de pessoas em 100 cidades, com destaque para São Paulo (100-200 mil) e Rio (50-100 mil). Líderes como Tarcísio de Freitas, Flávio Bolsonaro e Silas Malafaia inflamaram multidões, enquanto eventos oficiais do governo Lula, focados na soberania contra tarifas de Trump, tiveram público reduzido (2-5 mil em Brasília). Saiba mais sobre os atos, discursos e a polarização para 2026.
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No último Dia da Independência, 7 de setembro de 2025, as ruas do Brasil foram palco de uma demonstração vigorosa da direita brasileira, com atos massivos em apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), pela anistia aos condenados pelos eventos de 8 de janeiro de 2023 e contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. Sob o lema “Reaja Brasil: o medo acabou”, as manifestações reuniram, segundo fontes alinhadas à direita, entre 500 mil e 1 milhão de pessoas em cerca de 100 cidades pelo país, além de eventos no exterior articulados por Eduardo Bolsonaro. Em contraste, os eventos oficiais do governo Lula, focados na “soberania nacional” contra tarifas impostas por Donald Trump, foram marcados por um público reduzido, descrito por apoiadores da direita como um “fracasso retumbante” e “meia dúzia de gatos pingados”. Este artigo resume os atos bolsonaristas, detalha sua organização, impacto e a gritante diferença de adesão em relação aos eventos governistas.
Onde e Como Aconteceram os Atos Bolsonaristas
As manifestações ocorreram em capitais e cidades do interior, com destaque para o Sudeste e Sul, mas também com forte presença no Nordeste, Centro-Oeste e Norte. Os principais palcos incluíram:
- São Paulo (Avenida Paulista): Epicentro do movimento, em frente ao MASP, com estimativas de 100 mil a 200 mil pessoas, descrita por Flávio Bolsonaro como “lotada” e por Carlos Jordy como uma “explosão de patriotas”.
- Rio de Janeiro (Copacabana): Cerca de 50 mil a 100 mil manifestantes, chamados por Flávio Bolsonaro de “um mar de brasileiros pela liberdade”.
- Brasília (Eixão Sul/Funarte): 10 mil a 20 mil pessoas, com a Gazeta do Povo destacando “milhares desde cedo” contra a “tirania” do STF.
- Belo Horizonte (Praça da Liberdade): Milhares a 10 mil, com Nikolas Ferreira celebrando a “multidão patriota mineira”.
- Salvador (Farol da Barra): Milhares desde às 9h, com trio elétrico, segundo o deputado Capitão Alden.
- Fortaleza (Praça Portugal): Milhares em uma “marcha gigante”, conforme Eduardo Girão e André Fernandes.
- Outras cidades: Goiânia, Belém, Florianópolis, Porto Alegre, Recife, Manaus, Cuiabá, Campo Grande, Vitória, São Luís, Natal, João Pessoa, Aracaju, Teresina, Rio Branco, Macapá, Boa Vista, Porto Velho, além de cidades do interior como Campinas, Jundiaí (SP), Juiz de Fora (MG), Joinville, Balneário Camboriú, Criciúma (SC) e Lajeado, Chapecó (RS).
Os atos foram pacíficos, com bandeiras do Brasil, EUA e Israel, faixas em inglês agradecendo Trump pelas sanções contra Moraes via Lei Magnitsky, e bonecos infláveis satirizando Lula e Moraes. Bolsonaro, em prisão domiciliar e proibido de sair aos fins de semana, participou via chamadas de vídeo, reforçando sua influência mesmo à distância.
Lideranças e Discursos que Incendiaram as Multidões
As manifestações contaram com figuras de peso da direita brasileira, especialmente do PL e aliados. Em São Paulo, destacaram-se o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), Michelle Bolsonaro (PL), o pastor Silas Malafaia, deputados Nikolas Ferreira (PL-MG) e Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), o prefeito Ricardo Nunes (MDB), os governadores Romeu Zema (Novo-MG) e Jorginho Mello (PL-SC), além de Valdemar Costa Neto (PL). No Rio, Flávio Bolsonaro (PL-RJ), Cláudio Castro (PL-RJ) e Alexandre Ramagem (PL-RJ) lideraram. Em Brasília, estiveram Bia Kicis (PL-DF), Damares Alves (Republicanos-DF), Izalci Lucas (PL-DF), Jaime Bagattoli (PL-RO) e Zé Trovão (PL-SC). Outras cidades tiveram nomes como Michelle Bolsonaro (Belém), Gustavo Gayer (Goiânia), Daniel Freitas (Criciúma) e Magno Malta (Vitória).
Os discursos mais impactantes inflamaram as multidões com críticas ao STF e pedidos de anistia:
- Tarcísio de Freitas (SP): Chamou Moraes de “tirano” e pressionou o presidente da Câmara, Hugo Motta, a pautar a anistia, defendendo Bolsonaro para 2026. “Deixa a Câmara decidir!”, bradou, gerando gritos de “Fora Moraes”.
- Flávio Bolsonaro (RJ): Declarou que “não existe meia anistia” e previu que o STF “dará a cabeça de Moraes”, acusando-o de “revanchismo” e exaltando Trump.
- Silas Malafaia (SP): Acusou Moraes de “perseguição religiosa” pela apreensão de cadernos bíblicos, chamando o inquérito contra Bolsonaro de “farsa”. Seu tom incisivo foi o mais aplaudido.
- Nikolas Ferreira (SP/BH): Disse que “Moraes, sem toga, é nada” e criticou penas como a de Débora dos Santos (14 anos por pichação), conectando-se com Bolsonaro por vídeo.
- Michelle Bolsonaro (SP/Belém): Emocionada, denunciou a “humilhação” da vigilância policial em sua casa, pedindo o “fim da censura”. Fracasso dos Eventos Oficiais do Governo Lula
Enquanto as manifestações bolsonaristas lotaram ruas e praças, os eventos oficiais do governo Lula, centrados na Esplanada dos Ministérios em Brasília e em outras capitais, tiveram adesão pífia, descrita pela direita como um “fiasco” e “vergonha nacional”. Em Brasília, o desfile cívico-militar, com o tema “soberania nacional” contra as tarifas de Trump, atraiu um público estimado em apenas 2 mil a 5 mil pessoas, segundo relatos de veículos conservadores, contrastando com os 10 mil a 20 mil do ato bolsonarista na mesma cidade. Em outras capitais, como Salvador, Recife e Fortaleza, os eventos governistas reuniram “centenas” ou “pouco mais de mil” pessoas, com imagens de palcos vazios e baixa participação viralizando no X sob hashtags como 7deSetembroFracasso e LulaSemPovo. Líderes da direita, como Carlos Jordy, ironizaram: “O governo gastou milhões para meia dúzia de militantes pagos, enquanto o povo verdadeiro lotou o Brasil pelo Bolsonaro”.
A baixa adesão foi atribuída à falta de apelo popular do governo Lula, ao desgaste político após sanções de Trump e à ausência de uma narrativa mobilizadora, enquanto a direita capitalizou o julgamento de Bolsonaro no STF (previsto para 12/09) para galvanizar sua base. O contraste foi evidente: enquanto a direita exibiu “mares de verde e amarelo”, os atos da esquerda foram chamados de “insignificantes” e “deserto de apoio”.
Repercussão e o Caminho para 2026
Os atos bolsonaristas dominaram as redes sociais, com hashtags como AnistiaJá, ForaMoraes e BrasilComBolsonaro liderando o X. Vídeos de carretas, como em Lajeado (RS), e imagens de multidões em São Paulo e Rio acumularam milhares de visualizações, reforçando a narrativa de “vitória iminente” para a anistia no Congresso. A direita pressiona Hugo Motta e Davi Alcolumbre, com PL, União Brasil e PP alegando votos suficientes na Câmara. O STF respondeu com um “desagravo” a Moraes, e Lula criticou Eduardo Bolsonaro por “trocar a bandeira do Brasil pela dos EUA”. Internacionalmente, as sanções de Trump contra Moraes ecoaram nos atos, mas geraram críticas de entidades de direitos humanos.
Em contrapartida, os eventos oficiais do governo foram ridicularizados pela direita como prova de “rejeição popular” a Lula, com memes e postagens destacando palcos vazios. Analistas apontam que a polarização evidenciada no 7 de setembro é um prenúncio das eleições de 2026, com a direita revitalizada pelo julgamento de Bolsonaro e a esquerda lutando para mobilizar sua base. Apesar do sucesso nas ruas, os atos bolsonaristas não alteraram imediatamente o curso judicial, mas reforçaram a narrativa de “perseguição” e a força do movimento.
Conclusão: O 7 de setembro de 2025 foi um termômetro da política brasileira. De um lado, a direita mostrou musculatura, com multidões expressivas e discursos inflamados que mantêm vivo o bolsonarismo. De outro, o governo Lula enfrentou um vexame público, com eventos oficiais esvaziados que expuseram sua dificuldade de mobilização. As ruas falaram, e a mensagem da direita ecoou mais alto, sinalizando que a batalha política está longe de acabar.
Fontes:
- Gazeta do Povo, postagens de Flávio Bolsonaro, Carlos Jordy, Silas Malafaia, Nikolas Ferreira no X.
- Relatos de organizadores e deputados do PL, União Brasil e PP.
- Imagens e vídeos viralizados no X (AnistiaJá, ForaMoraes).


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