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Editor: Carlos HB de Castro Magalhães (MTb 0044864/RJ)

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O show contra a anistia em Copacabana, em 21 de setembro de 2025, reúne Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque, Anitta e outros artistas financiados pela Lei Rouanet, protestando contra o PL da anistia e a PEC da Blindagem. Contudo, a contradição é evidente: muitos foram anistiados em 1979, alguns ligados a grupos que cometeram crimes violentos. Esse ato, bancado indiretamente pelo contribuinte e apoiado por PSOL e 342 Artes, é uma demonstração de seletividade ideológica, onde o perdão é válido só para alguns. Entenda as críticas à mobilização e suas incoerências.

Em um Brasil já farto de polarizações e retrocessos políticos, o domingo, 21 de setembro de 2025, reserva mais um espetáculo de incoerência: um ato musical em Copacabana, Rio de Janeiro, convocado por uma constelação de artistas da MPB e da cena pop para protestar contra o projeto de lei da anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 e a PEC da Blindagem, apelidada por eles mesmos de “PEC da Bandidagem”. O evento, marcado para as 14h no Posto 5 da praia, não é apenas uma manifestação – é um circo financiado indiretamente pelo contribuinte, onde velhos ídolos, outrora beneficiados pela generosidade da Lei da Anistia de 1979, agora posam de guardiões da moralidade, negando aos outros o perdão que um dia os salvou. É a essência da hipocrisia brasileira: quem comeu o ovo hoje quer quebrar o do amanhã.

Os nomes envolvidos formam um verdadeiro “quem é quem” da elite cultural esquerdista, muitos deles eternos beneficiários de verbas públicas. Caetano Veloso, Gilberto Gil e Chico Buarque, o trio sagrado da Tropicália e da resistência ao regime militar, confirmaram presença em um trio elétrico para apresentações curtas, misturando canções de protesto com discursos inflamados contra a “impunidade”. Djavan, Marina Sena, Maria Gadú e até o grupo Os Garotin se juntam ao time, prometendo um “ato histórico” que, na prática, parece mais uma festa particular disfarçada de engajamento cívico. Fora do Rio, o coletivo 342 Artes – liderado por Paula Lavigne, ex-mulher de Caetano – mobiliza Anitta, Daniela Mercury, Fernanda Abreu, Sandra de Sá, Ana Carolina, Tony Bellotto e uma lista de atores como Marcos Palmeira, Matheus Nachtergaele, Sophie Charlotte e Cláudia Abreu para atos paralelos em 16 capitais, de São Paulo (Avenida Paulista, 14h) a Recife (Rua da Aurora). Esses protestos, convocados por deputados do PSOL como Guilherme Boulos, Erika Hilton e Tarcísio Motta, visam barrar a urgência aprovada na Câmara para o PL da anistia, relatado por Paulinho da Força (Solidariedade-SP), que flexibiliza penas para os condenados pelo STF.

Mas aqui reside o veneno da contradição: como esses artistas, que devem suas carreiras ao perdão amplo da Lei 6.683/1979 – que anistiou crimes políticos de ambos os lados, incluindo exilados e torturadores –, agora se erigem contra uma medida similar? Caetano Veloso e Gilberto Gil foram anistiados após anos de exílio e censura, voltando ao Brasil para colher os frutos de uma democracia que eles ajudaram a conquistar, mas que negam aos adversários políticos. Chico Buarque, ícone da resistência armada indireta, circulava em círculos próximos a guerrilheiros da ALN e do MR-8, organizações responsáveis por sequestros, assaltos e assassinatos durante a ditadura – crimes de sangue que a anistia de 79 varreu para debaixo do tapete. Gil, ex-ministro da Cultura no governo Lula, foi acusado de conivência com o regime em seus primórdios, mas isso não o impediu de surfar na onda do perdão. E Anitta? A popstar, que deve parte de sua ascensão a incentivos fiscais e editais culturais, agora usa seu palco global para ecoar o discurso oficial do Planalto, enquanto ignora que sua própria trajetória foi pavimentada por um sistema que perdoa e recompensa.

Essa seletividade ideológica não é acidental: é o DNA da esquerda cultural brasileira, que clama por justiça só quando convém. Eles associam-se historicamente a anistiados que cometeram atos de violência extrema – pense nos militantes da VPR ou do VAR-Palmares, cujos legados românticos escondem execuções sumárias e bombardeios. No entanto, para os “golpistas” de 8 de janeiro, não há romantismo: é “impunidade” e “ataque à democracia”. É o mesmo roteiro de sempre: anistia para os “nossos”, cadeia para os “deles”. E o pior? Esse show de virtuosismo moral é bancado pelo governo federal que eles tanto defendem. A Lei Rouanet, esse poço sem fundo de recursos públicos, já destinou milhões a projetos de Caetano (como turnês e gravações), Gil (festivais e álbuns) e Chico (espetáculos teatrais). Djavan e Anitta captam verbas via incentivos culturais do MinC, enquanto o coletivo 342 Artes opera com editais que pingam dinheiro do contribuinte para “ações culturais de resistência”. Em 2024, o MinC liberou R$ 1,2 bilhão via Rouanet; em 2025, o orçamento cultural deve repetir a farra, financiando indiretamente esses “protestos espontâneos”. É o Estado patrocinando sua própria propaganda: pão e circo com cheiro de hipocrisia.

Não bastasse o autofinanciamento via impostos alheios, o evento expõe a fragilidade da mobilização esquerdista. Enquanto atos pró-anistia lotam as ruas em 7 de setembro com milhares gritando por “paz e liberdade”, esses shows precisam de nomes famosos para encher o olho – e o cartaz. É patético: sem Caetano ou Anitta, seria só mais um piquete do PSOL com meia dúzia de sindicalistas. A esquerda, que outrora enchia praças com o povo, agora depende de celebridades anistiadas para simular apoio popular. E o tom crítico não para aí: essa cruzada ignora que a anistia proposta não é “ampla, geral e irrestrita” como a de 79, mas uma dosimetria equilibrada, negociada para evitar excessos punitivos sem absolver criminosos de sangue. STF já sinalizou rejeição a perdões totais, mas para os artistas do trio elétrico, qualquer concessão é “recompensa ao golpe”. É seletividade pura: perdoem-nos a nós, mas aos outros, o rigor da lei.

Em resumo, o show de amanhã em Copacabana não é defesa da democracia – é uma ópera bufa de contradições, onde anistiados de ontem posam de juízes de hoje, financiados pelo erário que criticam em verso e prosa. O Brasil merece mais que isso: merece coerência, não palanques pagos com nosso suor. Se esses artistas querem justiça, que devolvam as verbas da Rouanet e paguem do bolso. Caso contrário, é só mais um ato de teatro – e dos ruins.


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