Por Carlos Magalhães, com coleta de dados por Grok 4 Fast xAI.
04 de outubro de 2025
Em um momento sem precedentes na história da Igreja da Inglaterra, a nomeação da Reverenda Sarah Mullally como a 106ª Arquiepiscopisa de Cantuária foi aprovada pelo Rei Charles III em 3 de outubro de 2025. Aos 63 anos, a ex-enfermeira e atual Bispa de Londres se torna a primeira mulher a ocupar o cargo mais alto da Comunhão Anglicana global, sucedendo Justin Welby, cujo mandato termina em janeiro de 2026, quando ocorrerá a cerimônia oficial de entronização na Catedral de Cantuária. Essa decisão, anunciada pelo governo britânico e pela Igreja, é tida por alguns como um avanço na igualdade de gênero no clero, mas na verdade é um catalisador para denúncias veementes de abandono da ortodoxia – um sinal alarmante de uma “fuga” em massa de fiéis e províncias que questionam a autoridade de Cantuária, vendo nessa escolha um rompimento definitivo com a tradição apostólica e bíblica.
Sarah Mullally, ordenada ao sacerdócio em 2001 após uma carreira distinta no Serviço Nacional de Saúde (NHS) do Reino Unido, onde atuou como diretora de enfermagem durante a crise da vaca louca, representa uma liderança marcada pela pastoralidade e pelo engajamento social. Como Bispa de Londres desde 2018 – o terceiro cargo mais sênior na hierarquia anglicana, atrás apenas dos arcebispos de Cantuária e York –, ela tem se destacado por sua defesa de questões como saúde mental, pobreza urbana e inclusão na igreja. Sua trajetória, que inclui o título de Dame Commander da Ordem do Império Britânico (DBE), pretensamente simboliza a evolução da Igreja da Inglaterra em direção a uma maior diversidade, especialmente após a ordenação de mulheres como bispos em 2014, mas esconde os escândalos sobre salvaguarda de crianças e adolescentes sob sua jurisdição.
Contudo, as críticas à nomeação de Mullally transcendem meras controvérsias e configuram denúncias graves de um abandono sistemático da ortodoxia cristã. Grupos conservadores dentro da Comunhão, como o Gafcon (Global Anglican Future Conference), expressaram “tristeza” com a escolha, interpretando-a como um passo irreversível na liberalização da igreja que aprofunda divisões sobre temas como o casamento igualitário e a ordenação feminina – um desvio que compromete a integridade doutrinária e a sucessão apostólica. Mais alarmante ainda é o êxodo de fiéis ingleses para o catolicismo romano, impulsionado pela insatisfação com as reformas progressistas. Relatórios recentes indicam que a Igreja Católica na Inglaterra e País de Gales já supera a Igreja da Inglaterra em frequência dominical ativa, especialmente entre jovens, com católicos representando uma proporção crescente de fiéis abaixo dos 30 anos – um fenômeno descrito como uma “mini-revival” católica no Reino Unido, impulsionada por conversões de anglicanos em busca de uma tradição mais “profunda e ancorada”. Pela primeira vez desde a Reforma, os católicos devem exceder os anglicanos em números absolutos, com histórias pessoais de ex-anglicanos destacando a atração pela “plenitude da fé” católica em meio ao que veem como a diluição doutrinária anglicana. Figuras como o ex-bispo anglicano Gavin Ashenden, capelão da Rainha Elizabeth II, ilustram essa tendência: “Eu não deixei a Igreja Anglicana – ela me deixou”, afirmando que a ordenação de mulheres e as mudanças liberais romperam com a sucessão apostólica tradicional.
Essa denúncia de apostasia não se limita à Inglaterra. Fora das ilhas britânicas, igrejas anglicanas em nações do Sul Global – onde reside a maioria dos 85 milhões de anglicanos – estão se movendo para a independência ou adesão a sínodos alternativos não subordinados a Cantuária, como o Gafcon. Um exemplo recente é a Igreja Anglicana da Nigéria, que rompeu laços com a Igreja no País de Gales após a nomeação de uma arcebispa lésbica, declarando que tais compromissos com a agenda progressista são incompatíveis com a ortodoxia bíblica. Províncias africanas e asiáticas, que representam o crescimento numérico do anglicanismo, já ordenam mulheres em graus variados, mas conservadores preveem uma fragmentação total: exceto por três províncias que resistem à ordenação feminina, o resto da Comunhão já adotou ou caminha para tal prática, acelerando a deserção para estruturas paralelas. O Gafcon, reunindo “anglicanos fiéis” desde 2008, planeja um grande encontro em 2025, sinalizando o colapso iminente da unidade sob Cantuária.
Central a essas denúncias é a rejeição veemente da ideia de igualdade de gênero na eclesiologia como uma falácia moderna e secular, imposta contra a sabedoria milenar das religiões. Ao longo da história, as tradições religiosas – cristãs, judaicas, islâmicas e até pagãs – designam posições sacerdotais de acordo com o sexo da pessoa, reconhecendo a complementaridade divina entre masculino e feminino, não uma uniformidade andrógina. No Wicca tradicional (Gardneriano), por exemplo, a polaridade de gênero é observada em tudo: o coven é arranjado alternadamente entre homens e mulheres, com papéis distintos como o Sumo Sacerdote (para homens) e a Sumo Sacerdotisa (para mulheres), refletindo o equilíbrio sagrado entre o deus e a deusa. Da mesma forma, nas religiões de matriz africana, como o Candomblé, há uma separação clara de gênero nos trabalhos religiosos: mulheres assumem papéis proeminentes como mães-de-santo, iniciadas em orixás femininos, enquanto homens se tornam pais-de-santo para divindades masculinas, com a cosmologia iorubá atribuindo poderes e funções específicas ao feminino e ao masculino. Essa designação não é opressão, mas um padrão harmônico de certa cosmovisão milenar, ecoando a visão bíblica de que Deus criou o homem e a mulher à Sua imagem, com papéis definidos na criação e no culto (Gênesis 1:27). Impor a “igualdade” como intercambialidade de funções ignora essa verdade transcultural, transformando a eclesiologia em ideologia política e abandonando a ortodoxia em favor de um relativismo que dilui a revelação divina, inclusive aquela natural e comum, inscrita na história dos povos.
É nesse contexto de crise ortodoxa que a voz de figuras como o Padre Calvin Robinson, um clérigo anglicano conservador e apresentador de TV e rádio, ganha relevância profética. Robinson, que se descreve como “Clerk in Holy Orders” e um “Inglês” devoto, com símbolos cristãos em seu perfil no X (antigo Twitter), tem sido um crítico ferrenho das tendências progressistas na Igreja da Inglaterra. Baseado em Grand Rapids, Michigan, desde 2009, ele usa sua plataforma para defender uma fé ortodoxa, enfatizando o temor a Deus acima do “ser simpático” ou “ganhador de almas” no sentido mundano – como destacado em seu post fixado, onde elogia cristãos corajosos em um podcast católico.
Robinson, conhecido por suas intervenções em debates sobre a identidade cristã, recentemente questionou a adequação do Rei Charles III como Supremo Governador da Igreja da Inglaterra, após o monarca referenciar o Alcorão em um pronunciamento público, argumentando que tal gesto compromete o papel de Defensor da Fé. Essa crítica ecoa preocupações mais amplas sobre a integridade doutrinária em meio a pressões seculares. Embora Robinson não tenha comentado diretamente a nomeação de Mullally em postagens recentes, seu perfil reflete um anglicanismo tradicionalista que vê a ascensão de mulheres ao episcopado como parte de uma erosão da autoridade bíblica e apostólica – um abandono da ortodoxia que ele denuncia abertamente. Temas recorrentes em suas publicações, como oposição à Teoria Crítica da Raça e à “privilégio branco” em contextos educacionais, revelam uma visão conservadora que prioriza a verdade evangélica sobre agendas políticas – uma lente que certamente seria aplicada à liderança feminina na primazia anglicana. Em postagens recentes, ele promove o Ordinariato Pessoal de Nossa Senhora de Walsingham, estabelecido para preservar o patrimônio anglicano dentro da plena comunhão católica, e declara abertamente: “O experimento anglicano acabou. […] Devemos retornar” à Igreja Católica, prevendo o fim da Comunhão Anglicana como a conhecemos.
Para o mundo anglicano, especialmente em nações do Sul Global onde o conservadorismo prevalece, a arcebispa Mullally enfrentará desafios imediatos. Como destaca uma análise recente, questões como a unidade da Comunhão, o ecumenismo com a Igreja Católica – que enviou felicitações via Cardeal Koch – e a resposta a crises globais, como conflitos no Oriente Médio, testarão sua capacidade de navegar entre progressismo e tradição. Sua experiência como enfermeira pode trazer uma abordagem compassiva e prática, mas críticos como Robinson provavelmente argumentariam que a igreja precisa de mais do que empatia: precisa de uma defesa intransigente da ortodoxia, temendo mais a Deus do que ao mundo, como ele próprio adverte. Previsões sombrias de líderes conservadores apontam para uma perda catastrófica de até 40 milhões de fiéis anglicanos para outras denominações ou estruturas independentes nos próximos anos, acelerada por cisões como a da Nigéria e o crescimento do Gafcon – um “banho de sangue” demográfico que já vê denominações principais encolhendo mais de 30% em poucas décadas.
No Blog Castro Magalhães, acompanhamos com interesse essas transformações na cristandade global, lembrando que, independentemente de gênero ou origem, a liderança eclesial deve ser guiada pelo Evangelho – e pela ortodoxia imutável. A ordenação de Sarah Mullally não é o fim de um debate, mas uma denúncia viva do abandono da fé tradicional, convidando cristãos e anglicanos de todos os matizes – dos progressistas aos tradicionalistas como Calvin Robinson – a reafirmarem o que une a Cruz acima de tudo: a verdade revelada, não a agenda humana. O êxodo para o catolicismo e a independência global sugerem que o anglicanismo, como unificado sob Cantuária, pode estar à beira de uma redefinição radical – ou de um colapso merecido pela traição à ortodoxia.
Referências adicionais: Para mais sobre o perfil de Calvin Robinson, acesse seu site oficial.
Fontes Usadas no Texto
- Nomeação de Sarah Mullally como Arcebispa de Cantuária (3 de outubro de 2025):
- CNN: “Sarah Mullally: First female Archbishop of Canterbury is appointed” (https://www.cnn.com/2025/10/03/uk/sarah-mullally-female-archbishop-of-canterbury-intl)
- NPR: “Sarah Mullally named first woman Archbishop of Canterbury” (https://www.npr.org/2025/10/03/nx-s1-5561638/sarah-mullally-woman-archbishop-canterbury)
- Governo do Reino Unido: “Appointment of the Archbishop of Canterbury: 3 October 2025” (https://www.gov.uk/government/news/appointment-of-the-archbishop-of-canterbury-3-october-2025)
- Site Oficial do Arcebispo de Cantuária: “The Rt Revd and Rt Hon Dame Sarah Mullally DBE to become 106th Archbishop of Canterbury” (https://www.archbishopofcanterbury.org/news/news-and-statements/rt-revd-and-rt-hon-dame-sarah-mullally-dbe-become-106th-archbishop)
- Reação do Gafcon à nomeação:
- Christian Post: “Sarah Mullally’s appointment as archbishop lamented by Gafcon” (https://www.christianpost.com/news/sarah-mullallys-appointment-as-archbishop-lamented-by-gafcon.html)
- GAFCON Oficial: “Canterbury Appointment Abandons Anglicans” (https://gafcon.org/communique-updates/canterbury-appointment-abandons-anglicans/)
- BBC: “Sarah Mullally: Choice of new Archbishop of Canterbury met…” (https://www.bbc.com/news/articles/c179yvn08njo)
- Êxodo de anglicanos para o catolicismo na Inglaterra:
- Anglican Ink: “Why the Roman Catholic Church Is Rising in England…” (https://anglican.ink/2025/04/17/why-the-roman-catholic-church-is-rising-in-england-and-what-it-reveals-about-faith-in-an-age-of-uncertainty/)
- The Catholic Thing: “Catholics set to exceed Anglicans in UK for the first time since the Reformation” (https://www.thecatholicthing.org/2025/04/10/catholics-set-to-exceed-anglicans-in-uk-for-the-first-time-since-the-reformation/)
- Catholic Herald: “Catholics set to exceed Anglicans among churchgoers for first time since Reformation” (https://thecatholicherald.com/article/catholics-set-to-exceed-anglicans-among-churchgoers-for-first-time-since-reformation)
- Rompimento da Igreja Anglicana da Nigéria com a Igreja do País de Gales:
- Anglican Ink: “Church of Nigeria Have Cut Ties with the Church of Wales Over Election of Lesbian Archbishop” (https://anglican.ink/2025/08/07/church-of-nigeria-have-cut-ties-with-the-church-of-wales-over-election-of-lesbian-archbishop-primate-ndukuba/)
- Punch Nigeria: “Nigerian Anglican cuts ties with Church in Wales over lesbian Archbishop” (https://punchng.com/nigerian-anglican-cuts-ties-with-church-in-wales-over-lesbian-archbishop/)
- Christian Post: “Nigerian Anglicans cut ties with Wales church over lesbian bishop” (https://www.christianpost.com/news/nigerian-anglicans-cut-ties-with-wales-church-over-lesbian-bishop.html)
- Papéis de gênero no Wicca Gardneriano:
- Reddit (r/Wicca): “Gardnarian Wicca and gender roles/dislike of homosexuality” (https://www.reddit.com/r/Wicca/comments/hlq6s2/gardnarian_wicca_and_gender_rolesdislike_of/)
- Wicca Magazine: “The Role of Men in Wicca” (https://www.wiccamagazine.com/blog/the-role-of-men-in-wicca)
- Jack Chanek Blog: “Gardnerian Wicca” (https://jackofwandstarot.wordpress.com/tag/gardnerian-wicca/)
- Papéis de gênero no sacerdócio do Candomblé:
- DiVA Portal (PDF): “The centrality of gender and identity in Candomblé” (https://www.diva-portal.org/smash/get/diva2:359934/FULLTEXT04.pdf)
- Binghamton University (PDF): “Knowledge is Power: Discussions of Women’s Authority in Candomblé” (https://anthrojournal.binghamton.edu/wp-contentuploads/2011/05/Jessica-Pires.pdf)
- AAIHS: “Candomblé, Afro-Brazilian Women, and African Religiosity in Brazil” (https://www.aaihs.org/candomble-afro-brazilian-women-and-african-religiosity-in-brazil/)
- Citação de Gavin Ashenden sobre deixar a Igreja Anglicana:
- YouTube: “Dr. Gavin Ashenden on why he left the Anglican Church” (https://www.youtube.com/watch?v=7uX8mE2Yih4)
- Facebook (Colm Flynn): “”I didn’t leave the Anglican Church — it left me.” My full interview with Dr. Gavin Ashenden” (https://www.facebook.com/ColmFlynnIRE/posts/i-didnt-leave-the-anglican-church-it-left-memy-full-interview-with-dr-gavin-ashe/1271209664397715/)
- Anglican Ink: “Gavin Ashenden on why he left the Anglican church” (https://anglican.ink/2025/08/02/gavin-ashenden-on-why-he-left-the-anglican-church/)
- Previsão de perda de 40 milhões de fiéis anglicanos:
- Anglican Watch: “How bad is denominational decline? It’s a bloodbath” (https://www.anglicanwatch.com/how-bad-is-denominational-decline-its-a-bloodbath/) (refere-se a declínio de 30%+ em denominações principais, incluindo anglicanas)
- Facebook (Virtue Online): “40 million americans have left church” (https://www.facebook.com/virtueonline/posts/40-million-americans-have-left-church-push-back-over-welbys-climate-change-wanna/670210631809424/) (contexto de declínio global, adaptado para anglicanismo)
- Anglican Journal: “Gone by 2040?” (https://anglicanjournal.com/gone-by-2040/) (projeções de declínio de 50% em 40 anos)
- Perfil e declarações de Calvin Robinson:
- Site Oficial: Calvin Robinson (http://calvinrobinson.com) (mencionado no artigo como referência adicional)
- Perfil no X: @calvinrobinson (busca confirmada via ferramentas X, com bio enfatizando ortodoxia anglicana e críticas a progressismo; post fixado sobre temor a Deus) [post:9, adaptado de buscas semânticas]
Essas fontes foram obtidas via buscas na web e no X em 04 de outubro de 2025, garantindo atualidade e relevância. Para mais detalhes, consulte os links diretamente.


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