A redução parcial das tarifas americanas impostas ao Brasil durante o governo Trump foi motivada principalmente pela necessidade de queda da inflação nos EUA em 2025, ano eleitoral, e não por melhora nas relações bilaterais. As principais punições permanecem: investigações da Seção 301, sanções Magnitsky e cassação de vistos. Especialistas interpretam a medida como vitória temporária do departamento econômico interno dos EUA, que deverá conceder contrapartidas pesadas ao grupo de política externa. Ao mesmo tempo, fortalece-se a narrativa de ligação entre autoridades brasileiras e facções como PCC e Comando Vermelho, enquanto a presença militar americana na América do Sul é vista como pressão estratégica de Trump.
Alguns comemoram a vitória, outros lamentam, mas quase ninguém procura analisar o problema em toda a sua complexidade. A estrutura punitiva contra o que fazem com Bolsonaro foi mantida: a diminuição das tarifas é pontual, embora concentrada em itens importantes para a economia brasileira. O motivo da redução é a queda da inflação norte-americana em um ano eleitoral que se aproxima. As investigações da Seção 301 continuam em andamento; os vistos cassados permanecem; as sanções Magnitsky também permanecem — embora seus efeitos tenham sido postergados pelo recente fechamento do governo norte-americano.
O que ninguém parece projetar é que, se prevaleceu na decisão o conselho do grupo de economia doméstica dos EUA, certamente o grupo de política externa exigirá compensações — e essas compensações não serão mais leves do que o “naco” decisório cedido para a redução das tarifas, que é a mais suave das ferramentas de pressão internacional.
Ao mesmo tempo, uma narrativa poderosa vem sendo construída (ou simplesmente constatada): os detentores dos poderes da União estão sendo progressivamente associados a grupos considerados terroristas. Não querem classificar PCC e Comando Vermelho como organizações terroristas; seus banqueiros e aliados têm ligações com essas facções; por omissão e por ideologia judicial, acabam sendo percebidos como cúmplices delas. Um pouco mais ao norte, mas com capacidade de ação no Brasil, há uma frota norte-americana pronta para derrubar o ditador que é amigo do presidente do Brasil e de seu governo.
O mais interessante para os narcoditadores seria uma inflação alta nos Estados Unidos que enfraquecesse eleitoralmente Trump — o mesmo Trump que posicionou tropas e aparelhos de inteligência atuando na América do Sul. Quem leu A Arte da Negociação, de Donald Trump, entenderá perfeitamente do que estamos falando.


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