1. A expressão “uma anarquia decorrente de anomia” é a chave para compreensão da batalha do Leblon, pois anarquia é um sintoma político do fenômeno psicossocial anomia; não que todo anarquista o seja por perda de referencial das regras, mas quem perde o referencial de regras por causa da anomia está mais próximo de uma ação política caricata do anarquismo. Então, o ciclo de desobediência civil se alarga e aprofunda, no campo psicossocial, devido à anomia, dentre suas principais causas. Neste sentido, ver nossos registros e previsões nas notas 11, item 7; 8, item 4; 7, itens 2 e 6; 6, itens 5 e 6; principalmente nota 5, item 6; 2, item 4 deste blog.
2. O tratamento dado pelas autoridades é tático e não estratégico. A situação exige – já e antes que se avolume e desdobre a desobediência civil em outros processos de decomposição institucional – medidas de Estado e não meras medidas táticas. A causa principal do problema é a anomia, a perda de referencial das regras pela juventude bem educada e nutrida, devido ao exemplo de impunidade dos altos escalões da República, bem como à promiscuidade de governantes com corporações empresariais. As medidas institucionais principais devem ser a revisão dos contratos do Estado do Rio de Janeiro com as corporações empresariais durante o governo Sérgio Cabral, bem como o funcionamento do aparato repressor da criminalidade white collar nas irregularidades aí encontradas.
3. O ataque ao governador Sérgio Cabral é mais do que uma agressão politico partidária. É uma rejeição à corrupção e à ligação entre governantes e corporações empresariais clientelistas do Estado. É o governador que simboliza o fato politico que se quer alterar; é o fato de ele – mesmo sob inúmeros escândalos de corrupção e ligado às aludidas corporações – permanecer instalado no poder que torna as regras sem sentido; então, no momento da revolta e ódio dos manifestantes é esse o fato que desautoriza a coercitividade do ordenamento jurídico na mente dos jovens que partem para o vandalismo.
4. O governador Sérgio Cabral é o emblema da causa de tudo isso. O que acontecer com ele no Rio tende a se repetir com outros do mesmo status quo no Brasil, e a tendência institucional da República se definirá, dentre outras coisas, com o que vier a ocorrer no Rio de Janeiro.
5. São tendências: aprofundamento e replicação da desobediência civil, processo de impeachment do governador Sérgio Cabral, antecipação do julgamento dos recursos da ação penal denominada mensalão e prisão dos condenados, retração do consumo nos bairros da zona sul do Rio de Janeiro, desvalorização imobiliária na mesma região.

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