Os cristãos creem na Bíblia como regra de fé e prática. Isso significa que a Bíblia é não só Credenda, mas também Agenda. E quando se fala em prática de vida cristã fala-se também em Ética Cristã, que é a forma como o cristão toma as decisões em sua conduta diária. As decisões éticas do cristão fazem parte de sua santificação. Há uma obra da graça salvadora que torna o coração do crente santo e segundo o coração de Deus; essa obra necessariamente repercutirá nas decisões éticas do fiel, para que ele tome decisões que agradem a Deus.
Um dos sinais da santificação é uma vida organizada em suas práticas e decisões diárias. Em 1 Pedro 1.15 está escrito “Tornai-vos santos, vós mesmos, em todo o vosso procedimento”. Se o coração é santificado, a vida também o será; o que significa que a vida deve ser organizada conforme o coração; e vai se organizando na medida em que o próprio coração se santifica. As decisões passam, na medida da santificação de vida, a refletir o Credo cristão, e sendo tomadas conforme o que as Escrituras dizem. Enfim, a Agenda vai refletir a Credenda.
Os Dez Mandamentos são os absolutos de Deus para o ser humano. Eles foram dados diretamente por Deus e não por um intermediário; o povo os ouviu ao pé do monte. Eles são redigidos na forma usada para uma contrato entre duas partes; logo, os Dez Mandamentos não podem ser mediados em seu significado por qualquer pessoa que se arrogue representante da divindade; antes são um trato imposto por Deus com a humanidade, especificamente com Seu povo. Isso nunca tinha acontecido antes. Há outras legislações na Antiguidade, como o Código de Hamurabi – mas em todas elas há um rei mediando a mesma em nome da divindade; nos Dez Mandamentos o próprio Deus diz Sua lei ao povo.
Os Dez Mandamentos têm caráter ético e abrangem não só as condutas e atos exteriores, mas as afeições internas; isso decorre de seu caráter de absoluto ético; desse caráter também decorre sua aplicação a todos os dilemas éticos da humanidade, sejam eles decorrentes da marcha da história ou do desenvolvimento científico ou das influências filosóficas e ideológicas. Isso se extrai das Escrituras.
Vejamos as regras interpretativas para um correto entendimento dos Dez Mandamentos expostas por Thomas Watson, na tabela em PDF ao final. A partir da leitura dos Dez Mandamentos e de como ele era observado pelo povo de Deus no Antigo e no Novo Testamento, ele as fixa. Assim, interpretando as Escrituras com as próprias Escrituras, é possível verificar, por exemplo, que os Dez Mandamentos alcançam o coração do homem, não sendo mero jogo de pode – não pode; que neles há entendimentos simultâneos que expandem os princípios deles para condutas ali não literalmente expressas. Podemos ver, por exemplo, que nas relações referidas nos Dez Mandamentos, estão implícitas correlações delas, ainda que não existentes na Antiguidade. Por isso, por exemplo, os cristãos usam o mandamento que proíbe o adultério quando tomam suas decisões éticas sobre fertilização in vitro; ou o “Não Matarás” para decidir sobre questões biomédicas como engenharia e fabricação genética ou enfrentar as novas ideologias que sustentam, por exemplo, o aborto de anencéfalos.
Há absolutos éticos eternos nas Escrituras. Thomas Watson, quando fala que os Dez Mandamentos não só nos proíbem de praticar pecados como também de fazer com que outros os cometam, cita algo que se parece muito com a Teoria do Domínio do Fato – no caso, o rei Davi, condenado por Deus por matar à espada Urias – embora não com as próprias mãos. Há princípios éticos eternos que enquadram os fatos jurídicos – políticos da história brasileira recente.
As Escrituras nos mostram que o fim da lei é Cristo. Embora Deus nos encoraje a cumprir os Mandamentos e nos dê meios para que avancemos nessa obediência, a constatação – ainda mais numa sociedade que se torna cada dia mais complexa – é a nossa absoluta incapacidade de cumpri-los. Mas essa mesma Bíblia que nos mostra isso, também nos mostra que Jesus cumpre toda a lei, e a cumpre por nós em tudo o que não conseguimos cumprir. Ele é nosso Fiador perante o Pai – e a obediência que nós não conseguimos pagar Ele já pagou por nós.
Clique no link abaixo para acessar a tabela:
Regras interpretativas para um correto entendimento do Decalogo

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